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Já começou a sua pré-campanha? não!!!??? está atrasado!
21/03/2024 / 13:51
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Fernando Frazão/Agência Brasil

Muitos me perguntam: quando devo começar a minha pré-campanha?

Respondo: agora!

James Carville, consultor político de Bill Clinton, disse o seguinte:

 “Quando se começa tarde, não significa que se tem menos problemas para resolver, e sim que se tem menos tempo para resolvê-los.”

Na pré-campanha plantamos, na campanha, colhemos!

Especialmente no Brasil, diferente dos Estados Unidos onde existem as longas eleições primárias, a campanha é muito curta, não passa de 45 dias.

A pré-campanha acaba sendo tão ou mais importante que a campanha.

Quem deixar para começar a trabalhar lá na frente está diminuindo em muito as suas chances de sucesso eleitoral. Por uma primeira e grande razão, está-se sacrificando o planejamento.

A pré-campanha é um momento em que ainda temos tempo para aprender, para acertar e errar. Ver o que funciona e o que não funciona. Uma boa máxima de campanha é aquela que diz que vence aquele que erra menos.

Campanha é hora de colocar em prática aquilo que já foi testado e sabe-se que funciona e performa bem. Minha experiência mostrou-me que este ensinamento é muito valioso: na campanha, cada erro pode significar muitos votos a menos.

Utilize a pré-campanha para realmente planejar, preparar e fazer todos os ajustes necessários para, quando a hora da “onça beber água”, tudo esteja pronto e azeitado.     

Um bom diagnóstico não se faz do dia para a noite, um bom planejamento (definir objetivos e metas, posicionamento, conceito, temas mais importantes, estratégia, públicos-alvo e mecanismos de controle de desempenho), para depois desdobrar-se em um plano de comunicação (marketing mix), partindo-se, assim, para a ação de maneira organizada e de forma consistente.

Na Arte da Guerra, Sun Tzu já dizia: “O general que vence uma batalha fez muitos cálculos no

seu tempo, antes de ser travado o combate. O general que perde uma batalha fez poucos cálculos antes. Portanto, fazer muitos cálculos conduz à vitória e poucos, à derrota.”

Infelizmente, o brasileiro tem uma péssima mania, um hábito terrível, o da procrastinação.

Meu finado amigo Carlos Manhanelli, consultor de marketing político, fundador e eterno presidente da nossa ABCOP (Associação Brasileira dos Consultores Políticos) foi quem aplicou a ideia da “Lei da Procrastinação” no campo eleitoral. Referia-se ao adiamento por parte do eleitor da decisão de voto. Como votar é um problema a ser resolvido, o eleitor empurra com a barriga o máximo possível a escolha do candidato e, com isso, só vai se informar sobre a eleição e as opções de escolha faltando poucas semanas ou mesmo dias para o pleito. Em eleições proporcionais, boa parte escolhe mesmo é na fila de votação (quando não se abstém).  

Mas de certa forma esta “lei” também vale para os candidatos e partidos, que tendem a adiar, a procrastinar ao máximo, o início da pré-campanha. Muitos deles quase não fazem uma pré-campanha e iniciam o trabalho nas vésperas das eleições.

As consequências são, em geral, conhecidas, e muito negativas.     

Por definição, a pré-campanha seria todo o período que antecede a companha propriamente dita, que se inicia, segundo o calendário eleitoral brasileiro, em meados de agosto do ano da eleição.

Depois que o candidato fizer o registro da sua candidatura, ela for homologada pela Justiça Eleitoral, o candidato receber o seu número de CNJP e abrir uma conta em um banco, basta aguardar o início do período liberado para que se possa fazer propaganda.

Acontece que depois das eleições de 2014 foram iniciados vários movimentos por parte dos legisladores (tanto no Legislativo quanto no Judiciário) para se tentar diminuir os custos das campanhas eleitorais. Uma das principais mudanças, estabelecida pela lei número 13.165, de setembro de 2015, que ficou conhecida como minirreforma eleitoral, foi a diminuição do tempo da campanha (de 90 dias foi encurtado para 45 dias). 

Com este desenho institucional, a pré-campanha se tornou muito significativa, já que os candidatos terão apenas 45 dias de campanha propriamente dita. E a visibilidade que eles conquistaram durante a pré-campanha terá grande peso durante este período.

A pré-campanha ainda é um momento em que não existe um congestionamento muito grande de candidatos tentando construir visibilidade ou que estejam disputando a atenção do eleitor. Na campanha acontece o contrário, estarão todo e ao mesmo tempo buscando esta atenção.  Congestionamento, superprodução de mensagens, poluição, tudo vira um grande ruído. A campanha é semelhante ao serviço dos Correios nos períodos próximos do Natal, todo mundo quer mandar uma correspondência ou um presente e a chance de chegar depois das festas é grande.

A pré-campanha, portanto, é um momento muito melhor para “beber água limpa”. Com um investimento menor, consistente e crescente, é possível se falar com mais gente, ser mais ouvido e engajar mais.

Se o candidato precisar construir sua rede social, gerar visibilidade e relevância para, a partir daí, começar a chamar a atenção do público, OBRIGATORIAMENTE precisa começar bem antes.  Afinal, não se estabelece relacionamento no digital do dia para a noite, não se constrói reputação, não se estrutura uma base de relacionamento no WhatsApp do dia para noite.

A hora é agora. Minha experiência confirma: começar mais cedo ou mais tarde pode significar a diferença entre a vitória e a derrota. “Tá” esperando o que? 

* Rodrigo Mendes é publicitário, sociólogo e cientista político, estrategista de marketing e comunicação pública com 25 anos de experiência, já tendo coordenado 60 campanhas eleitorais e prestado consultoria para diversos governos, instituições e lideranças. Autor dos livros – MARKETING POLÍTICO: O PODER DA ESTRATÉGIA NAS COMPANHAS ELEITORAIS. OS SEGREDOS DA GESTÃO PÚBLICA EFICIENTE. MARKETING ELEITORAL: APRENDENDO COM CAMPANHAS MUNICIPAIS VITORIOSAS e NOVAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS PARA UM NOVO AMBIENTE POLÍTICO.
sobre
Rodrigo Mendes
Rodrigo Mendes

RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.

Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.