Enfim chegamos no ano da eleição. Agora realmente não tem mais jeito, o cronômetro acelerou para quem tem pretensões de vencer o próximo pleito.
Aproveito a chegada do novo ano para lançar mais algumas tendências para a eleição de outubro do ano agora em curso.
1. A agenda é municipal. Ou seja, mais concreta e conectada com o dia a dia e a vida das pessoas.
2. Alguns temas que ultrapassam a zeladoria do município vão passar a fazer parte da agenda da campanha. Segurança pública, dever constitucional dos estados, passam a pressionar também os gestores municipais. A insegurança só aumenta e o crime se organiza cada vez mais e expande seus domínios nos territórios urbanos. As guardas municipais que são forças auxiliares e cooperativa às policiais estaduais acabam tendo suas competências ampliadas. Da mesma forma ocorre com a saúde pública, na sua dimensão que transcende a Atenção Básica, como as cirurgias, exames mais complexos, serviços de pronto atendimento com leitos hospitalares de média e alta complexidade. A mobilidade urbana e discussões sobre tarifa zero também farão parte da agenda das campanhas municipais.
É claro que estes temas afetam de maneira diferente cidades grandes, médias e pequenas.
3. Novos temas devem aparecer. Os efeitos das mudanças climáticas, a princípio muito distantes das competências dos prefeitos, que fazem as temperaturas subirem no verão e caírem no inverno, afetando sobretudo as crianças e os mais idosos e pressionam os serviços de saúde, com certeza ganharão novo destaque. Chuvas muito fortes colocam em destaque serviços antes relegados ao segundo plano como a poda das árvores. O descuido com a sua manutenção coloca em risco a vida das pessoas e a rede elétrica, podendo gerar, como ocorreu em São Paulo, mortes e longos períodos de falta de energia. De igual maneira pode ser vista temas como limpeza de bueiros e canais que podem em representar sérios riscos para alagamentos em períodos de chuva intensas.
4. A capacidade de gestão dos serviços públicos voltará a ser o tema central. Sendo assim, dificilmente o eleitor deixará de observar a capacidade já testada dos pretendentes. É este olhar mais focado na capacidade de gestão que coloca um certo favoritismo nos atuais prefeitos em exercício. O eleitor já consegue observar na sua realidade cotidiana se o prefeiro tem ou não capacidade de desempenhar bem o seu papel.
5. Pretendentes sem experiência administrativa e com um discurso simplesmente calcados na mudança não terão vida fácil.
Enfim, a eleição vai pressionar os atuais gestores a darem respostas a questões que ultrapassam suas competências e capacidades. Vai também desafiar os candidatos de oposição a buscar soluções inovadoras e criativas para conseguirem fazer frente ao atuais gestores que já exercem seus mandatos. 2024 será um ano interessante para se observar como os atores políticos conseguiram responder a tanta demanda que passam cada vez a recair sobre os municípios. A se ver…
RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.
Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.