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O futuro sob a lente do presente: Aquilo que nasce em nós
27/08/2023 / 17:58
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De acordo com relatório recente da Goldman Sachs, gigante americana de investimentos e consultoria, cerca de um quarto de todo trabalho realizado no mundo será substituído pela inteligência artificial. 

Isso não é exatamente uma novidade, mas trago essa informação, de certa forma recorrente neste espaço, para refletir sobre uma das três categorias de empregos menos ameaçados e com maior previsão de sobrevida, de acordo com as conclusões do estudo. 

Uma delas está relacionada a empregos que exigem relações interpessoais sofisticadas e a pesquisa da Goldman Sachs dá como exemplos enfermeiros, consultores comerciais e jornalistas investigativos. Em um português claro com sotaque paraibano, digo que são profissões que pressupõe olho no olho, empatia, compaixão, ternura e afeto. 

Empregos que demandam muita mobilidade, agilidade, destrezas manuais e capacidade de solução de problemas em ambientes imprevisíveis são a segunda categoria. Notadamente estão no setor de serviços como eletricistas, encanadores, ou seja, pessoas com talento e expertise para lidar com situações novas o tempo todo. 

A terceira conclusão do estudo aponta os empregos genuinamente criativos, aqueles em que os profissionais, ou seriam artistas (sic), criam algo totalmente novo. E é a partir daqui que continuo a reflexão de hoje. 

Primeiro uma provocação: Não seria hora de começar a cunhar um termo para diferenciar, proteger, valorizar, sei lá mais o que, o criar, o criar não tecnológico, o criar  que nasce em nós. Importante pontuar que essa expressão criativa pode se manifestar no digital e/ou tecnológico, sem qualquer preconceito, mas quero frisar criações que nascem em nós, do nosso olhar, da nossa observação e de como processamos e expressamos nossos sentimentos em relação a nós mesmos, ao nosso ambiente, nossa comunidade, à vida, à natureza, ao universo, enfim.    

Nesse sentido, alguns pensadores contemporâneos alertam sobre essa urgência. Segundo muitos desses especialistas em tecnologia e futuro, corremos o risco de parar de gerar conteúdos de todas as ordens, totalmente novos, genuínos e inovadores. E vão além, prevendo um ponto de não reversão, momento em que, como numa ficção científica, seríamos nós, humanos, subservientes aos robôs, à inteligência artificial, por pura falta de novas criações, novos bancos de dados, novas curiosidades, novos livros e filmes, enfim, tudo que genuinamente nasce de nós, humanos. 

Provavelmente, o grande desafio do ser humano hoje, como reflexão e não constatação, é voltar o máximo de atenção possível a ativar (para usar um termo digital), estimular, inspirar e motivar as novas gerações à criatividade, como disse acima, criar e expressar aquilo que nasce de nós. 

Surpreso e assustado com tudo isso? Espere pela computação quântica. Um dos mais reconhecidos físicos da atualidade, o americano Michio Kaku, explica como funciona a computação quântica e por que ela pode ser uma fronteira ainda mais contundente do que a inteligência artificial em avanços tecnológicos. 

Segundo ele, a computação quântica não utiliza chips de computador, mas sim vários estados de ondas que podem vibrar em qualquer direção e simultaneamente. Tentando traduzir para uma linguagem mais acessível, o físico sugere imaginarmos um rato em um labirinto. Um computador digital, como temos hoje, calcularia a trajetória de cada rato em cada articulação, em cada lugar onde houvesse uma decisão a ser tomada num labirinto. Isso leva uma eternidade. A computação quântica vê todos os modos possíveis simultaneamente. Isso viola o bom senso. O bom senso diria que não se poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Na teoria da computação quântica, você poderia estar em muitos lugares ao mesmo tempo. E esse é o poder da computação quântica. 

Bom, ainda assim, difícil de entender, mas quando pensamos nessa possibilidade como ficção científica ou algo do gênero, lembremos de outras inovações que pareciam impossíveis, mas que já fazem parte do dia a dia ou já se avizinham. Trago alguns poucos exemplos:

– Automóveis a combustível fóssil serão exceção. Em um futuro próximo, o transporte público começará a se tornar também elétrico e autônomo, assim como os caminhões e, claro, carros particulares;

– A tecnologia construtiva será (ou: está sendo) reinventada e prédios gigantescos poderão ficar prontos em poucas de semanas; 

– A inteligência artificial será matéria escolar básica. As crianças saberão manipular os algoritmos melhor do que muitos dos adultos do nosso presente;

– As redes sociais se tornarão as grandes plataformas de e-commerce, os maiores varejistas, e isso é irreversível; 

– No futuro muito próximo não existirão mais cartões de crédito, dinheiro em espécie e até o pagamento móvel, via celular. Os meios de pagamento serão nossas mãos, olhos ou nosso rosto. 

E por aí vai… Me faz lembrar a frase “não estava chovendo quando Noé construiu a arca”. Assim como na parábola bíblica, na qual Noé teve um chamado divino, nada é mais importante hoje do que interpretar e, sempre que possível, nos anteciparmos aos sinais que o presente nos dá em relação ao futuro, transformando-os em vantagens competitivas, para o bem da humanidade. Voltamos nesse ponto, à reflexão de hoje: Viva a criatividade humana, aquilo que nasce em nós!! 

sobre
Ruy Dantas
Ruy Dantas

Ruy Dantas é jornalista e publicitário, fundador do Ilha Tech, um hub de inovação que abriga três startups. Atualmente, atua como CEO da RD Innovation, uma consultoria especializada em inovação, e como presidente do Sim Group, uma holding de empresas que oferece soluções customizadas de publicidade e comunicação para diversos segmentos. Possui especialização em gestão, negócios e marketing, além de formação em conselhos pela Fundação Dom Cabral. Nos finais de semana, escreve neste espaço sobre comunicação e marketing político.