A engenharia estratégica por trás das campanhas eleitorais desempenha um papel crucial no tabuleiro político, moldando não apenas a imagem dos candidatos, mas também a percepção do eleitorado. Este artigo busca desvendar como o medo, utilizado como tática de desqualificação de adversários, muitas vezes se sobrepõe às razões racionais que deveriam nortear a escolha de um candidato. Além disso, mergulharemos em eventos contemporâneos e estudos que elucidam a crescente preferência por regimes autoritários na América Latina, bem como a interação entre estratégias eleitorais ancoradas no medo e na razão.
A orquestração do medo como estratégia eleitoral tem ecoado com mais intensidade em várias regiões do globo nos últimos anos. Candidatos e agrupamentos políticos têm navegado nas inquietudes populacionais, amplificando temores relacionados a adversários, bem como a questões socioeconômicas.
Em julho de 2023, o prestigiado instituto chileno Latinobarómetro divulgou um relatório intitulado “A Recessão Democrática na América Latina”. Englobando pesquisas em 17 nações latino-americanas com um universo de mais de 19 mil entrevistados, o estudo evidenciou uma tendência alarmante: o declínio no apoio à democracia, apatia quanto ao tipo de regime e um incremento na inclinação para o autoritarismo. Notou-se um salto significativo na preferência por regimes autoritários na região, de 13% em 2020 para 17% em 2023.
O cenário eleitoral argentino recente serve como um microcosmo do uso do medo como estratégia eleitoral. Nas eleições, o candidato de extrema-direita, Milei, emergia como favorito nas pesquisas, contudo, o candidato Massa, situado em terceiro lugar, capitalizou o medo e a apreensão em relação ao líder nas pesquisas, explorando tais sentimentos para ganhar terreno. No primeiro turno, a estratégia resultou em um avanço significativo para Massa, evidenciando como o medo pode ser mobilizado eficazmente no âmbito eleitoral.
Na última eleição presidencial brasileira, ressurgiu o mantra “A esperança vai vencer o medo”, amplamente utilizado pelos segmentos de esquerda. Esse slogan reflete uma tentativa de contrapor a narrativa de medo com uma mensagem de esperança e resiliência, sublinhando a contínua batalha entre emoções e razão no palco político.
Tais manobras geram interrogações profundas sobre o delicado equilíbrio da democracia. O medo, embora uma ferramenta poderosa, quando utilizado de forma excessiva, pode corroer a confiança nas instituições democráticas. É imperativo fomentar um discurso informado e ancorar a racionalidade no cerne das escolhas eleitorais.
Para uma análise mais pormenorizada sobre a fragilidade democrática, é sugerida a leitura do artigo “O Delicado Equilíbrio da Democracia: Uma Reflexão sobre a Fragilidade”, disponível no link fornecido. A democracia, um patrimônio valioso, demanda proteção contínua frente às estratégias eleitorais impulsionadas pelo medo e pela razão.
A instrumentalização do medo nas campanhas eleitorais é uma realidade contemporânea que demonstra a robustez da democracia. Estratégias eleitorais têm o poder de moldar não apenas os resultados das urnas, mas também a vitalidade das instituições democráticas. É fundamental que o eleitorado esteja cônscio dessas táticas, valorizando a racionalidade e o debate informado como pilares nas decisões eleitorais.