Ao longo de mais de 25 anos de atuação como consultor de marketing político, demuito estudo sobre o comportamento eleitoral, análise de milhares de pesquisas de opinião, de ter assistido nem sei quantos grupos focais e com mais de 60 campanhas eleitorais no currículo, a conclusão a que chego sobre como o eleitor decide em quem votar se resume a uma singela palavra: confiança.
No dicionário a palavra confiança tem alguns significados:
“crença na probidade moral, na sinceridade, lealdade, competência, discrição etc. de outrem; crédito, fé”;
ou,
“crença de que algo não falhará, de que é bem-feito ou forte o suficiente para cumprir sua função”, “crédito, segurança”;
e ainda,
“Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.
Confiança está relacionada a uma crença, ou seja, uma pessoa ou um público acreditar que um candidato tem determinadas características necessárias para representá-lo (Legislativo) ou para administrar o bem públic (Executivo). Confiar tem esta dupla dimensão: é, por um lado, atribuir qualidades à pessoa, como probidade moral, lealdade, sinceridades, competência, preparo, capacidade de realizar etc. Por outro, tem a ver com expectativas, esperança de que aquela pessoa, de fato, vai cumprir a sua palavra, suas promessas de campanha.
Quando uma pessoa confia na outra algum vínculo foi estabelecido. Isso me lembra o conceito de Relação Social do sociólogo alemão Max Weber. Ele dizia que para haver uma relação social era necessário haver um compartilhamento de sentido na ação. Em outras palavras, que quando alguém confia é porque se construiu algum tipo de ponte, de vínculo entre aquele que crê, atribui crédito e aquele que emana essa credibilidade. E essa ponte, este sentido compartilhado, pode ligar uma série de coisas: um interesse ou uma bandeira em comum, uma expectativa gerada por um projeto ou promessa, ou de um favor ou benesse, ou mesmo algum tipo de expectativa de poder.
Quando digo que a relação de confiança é a variável fundamental a explicar a decisão de voto, estou a afirmar que o voto é acima de tudo um “voto de confiança”, ou seja, usando a definição do dicionário: “Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.
Por outro lado, credibilidade significa o conceito positivo que se tem a respeito de alguém, ou seja, uma boa reputação. Reputação tem a ver com gerenciamento das expectativas, uma boa gestão de promessas que falamos anteriormente. E uma boa reputação está assentada em uma relação de confiança que foi construída ao longo de um tempo. Quando alguém ou uma organização tem uma boa reputação é porque conseguiu fazer com que o público confie, ou seja, conseguiu gerar expectativas positivas e oferecer entregas estáveis que retroalimentam e reforçam a confiança.
Confiança não se compra, não se estabelece do dia para a noite. Confiança se constrói a passos lentos, na direção certa, no mesmo sentido, agregando gradativamente valor a imagem do candidato. Por isso, uma campanha eleitoral com duração de 45 dias não é tempo suficiente para se estabelecer confiança com os públicos, especialmente em campanhas proporcionais, para o legislativo. É essencial fazer uma boa pré-campanha (ou estruturar uma liderança ao longo de um tempo maior).
Conclusão, estruture a sua campanha com o objetivo de conquistar a confiança dos potenciais eleitores. Fazer a gestão correta de expectativas é a base para se construir confiança. Estabeleça relações estáveis, entregue aquilo que prometeu, e não faça promessas que não serão compridas, não gere expectativas desnecessárias ou que não sejam realistas e factíveis.
Estruturar relações baseadas na confiança e construir uma boa reputação não são tarefas fáceis. Não perca mais tempo!
* RODRIGO MENDES é Professor da School ofCorporate Reputation no MBA em Reputação Política e Governamental, Angola, África e foi professor da pós-Graduação em Marketing Político da UFMG. É publicitário, sociólogo e cientista político, estrategista de marketing e comunicação pública com 25 anos de experiência, já tendo coordenado 60 campanhas eleitorais e prestado consultoria para diversos governos, instituições e lideranças. Autor de diversos livros e e-books, dentre eles Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais (Editora C/Arte – 2002).
RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.
Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.