De acordo com dados divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres estão tendo menos filhos e mais tarde. A idade média em que as mulheres brasileiras têm filhos subiu de 25,3 anos, em 2000, para 27,7 anos, em 2020, e as projeções indicam que essa média deverá atingir 31,3 anos em 2070.
A pesquisa revelou que a população idosa ultrapassou em 15,6% a população jovem de 15 a 24 anos em 2023, que registrou 14,8%. Esta é a primeira vez que a faixa etária mais velha supera a mais jovem, a qual vem diminuindo desde os anos 2000.
O estudo apontou que a queda no número de filhos é o principal fator para recuo na população nos próximos anos. De 2000 a 2023, o número passou de 2,32 para 1,57 filho por mulher (o número mínimo para garantir a reposição da população é de 2,1 filho por mulher).
A pesquisa também apresentou projeções que indicam que, em 2046, a população com 60 anos ou mais será a maior do país, representando 28% da população total. Em 2070, esse percentual deve subir para 37,8%, o que significa que mais de 1 em cada 3 brasileiros será idoso.
Maria do Carmo, médica especialista em reprodução humana da Clínica FERTIPRAXIS, explica que os principais motivos apontados pelas mulheres para adiar a gestação são: ainda não ter encontrado o parceiro/a ideal, a plenitude profissional e o desejo de estabilidade financeira.
“Dessa forma, a reprodução assistida pode colaborar. O congelamento de óvulos tem sido uma alternativa às mulheres que desejam postergar a maternidade ou àquelas que necessitam cuidar da saúde em decorrência de doenças como câncer e de tratamentos como rádio e quimioterapia. A maternidade tardia por meio da reprodução assistida é uma opção que pode contribuir para realizar o planejamento de muitas mulheres“, ressalta a médica.
A especialista alerta também que é preciso conversar sobre planejamento reprodutivo, pois ao se adiar a maternidade, muitas vezes, a capacidade reprodutiva da mulher fica comprometida.
“Hoje a busca pelo congelamento de óvulos apenas aumenta, é um fenômeno mundial. A técnica dá autonomia para as mulheres que estão vivendo outros projetos para suas vidas, ainda sem um parceiro/a ao lado para definir seu conceito de família, ou mesmo também com esta outra pessoa que igualmente não formulou estes planos, ou até para uma maternidade solo, a chamada produção independente“.
“Muitas vezes a mulher, estudando ou no mercado de trabalho, correndo atrás de outros sonhos, ainda nem sequer parou para pensar se um dia vai querer, ou não, filhos“, afirma.