
A Justiça da Paraíba condenou Cláudia Alves Bezerra a 6 anos e 5 meses de reclusão em regime semiaberto pelos crimes de organização criminosa, parcelamento ilegal do solo urbano, invasão de propriedade e dano ambiental. A decisão encerra um dos maiores casos de ocupação ilegal e degradação ambiental já registrados na capital paraibana, envolvendo invasões na Praia do Sol e na Fazenda Paratibe.
Segundo a sentença proferida pela 7ª Vara Criminal de João Pessoa, Cláudia chefiou um esquema estruturado que invadiu terrenos particulares, destruiu áreas de preservação permanente e comercializou lotes clandestinos. As investigações, reunidas no âmbito da Operação Hemera do GAECO, revelaram que mais de 40 hectares foram devastados, com abertura de ruas improvisadas, derrubada de vegetação, divisão irregular de lotes e vendas que variavam entre R$ 20 mil e R$ 40 mil.
O esquema também envolvia revezamento de pessoas para simular moradia, cobrança de taxas ilegais, circulação de integrantes de facção criminosa e utilização da área para ocultação e proteção de suspeitos. Áudios e mensagens extraídos dos celulares dos envolvidos mostraram ordens diretas para resistir a operações policiais, planejar ataques e coordenar ações com membros da facção conhecida como Nova Okaida.
Com base nos relatórios técnicos, conversas interceptadas, perícias ambientais, imagens de satélite e depoimentos, o Ministério Público demonstrou que Cláudia exercia papel de liderança na organização criminosa, com poder de mando sobre ocupações, demarcação de terras e negociação de espaços dentro da área invadida. A sentença reconhece ainda a reincidência da ré, que desde 2008 já respondia por outro caso de invasão de imóvel na região de Gramame.
A ocupação ilegal culminou em uma das maiores operações de reintegração de posse da história da Paraíba, mobilizando mais de 1.100 policiais e diversos órgãos públicos para desocupar a área. Após a reintegração, o GAECO deflagrou a Operação Hemera para aprofundar as investigações, cumprindo mandados de busca e apreensão na residência de Cláudia e de outras lideranças do esquema.
A condenação reforça o entendimento judicial de que a invasão e o loteamento clandestino foram conduzidos com plena consciência de ilegalidade, causando danos ambientais severos, insegurança social e prejuízo à ordem urbanística. A decisão representa um marco no enfrentamento às ocupações irregulares e ao uso criminoso de áreas protegidas na capital paraibana.