No mês de janeiro deste ano, o consumo de etanol hidratado na Paraíba teve um aumento expressivo, ultrapassando os números do mesmo período no ano anterior em 106%. De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), o consumo alcançou a marca de 17,2 milhões de litros, em comparação com os 8,3 milhões de litros consumidos em janeiro de 2023.
O Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool-PB) destacou que esse crescimento reverte uma tendência de queda que vinha sendo observada desde 2019. Uma série de fatores contribuíram para esse aumento significativo, incluindo a atratividade dos preços do etanol para os consumidores e campanhas de conscientização sobre seus benefícios ambientais e socioeconômicos para o estado.
Ainda de acordo com o Sindalcool-PB, levando em conta o consumo de etanol hidratado e etanol anidro no mês de janeiro, as emissões de gases de efeito estufa evitadas devido ao uso de etanol ultrapassaram a marca de 42 mil toneladas. Este dado reforça o papel crucial do etanol como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.
É importante ressaltar que esse aumento no consumo de etanol na Paraíba superou a média nacional, que registrou um crescimento de 64% em relação a janeiro do ano anterior em todo o Brasil, segundo dados da ANP.
Para o Sindalcool-PB, esse fenômeno reflete uma mudança de hábitos dos consumidores paraibanos, sendo que a maioria dos veículos no estado (cerca de 755 mil) é flex e pode ser abastecida sempre com o biocombustível, que é produzido localmente a partir da cana-de-açúcar.
“O ano de 2024 começou bem. O Brasil, país líder mundial na transição energética, substituiu mais de 42% do combustível fóssil nos automóveis. O consumo consciente tem se mostrado mais econômico. Precisamos, urgentemente, evitar as emissões ainda crescentes. Em 2023, na Paraíba, o consumo de gasolina emitiu 1.558.027 toneladas de CO2 equivalentes. Seria um contrassenso o estado não contar com políticas públicas para a descarbonização da frota de 1.593.744 veículos existentes. São medidas urgentes, que precisam estar no debate político neste ano eleitoral”, destacou Edmundo Barbosa, presidente-executivo do Sindalcool-PB.
Para se ter uma ideia do poder de descarbonização da indústria do etanol, a cana-de-açúcar absorve 70 toneladas de CO2 por hectare durante o seu ciclo de crescimento, e o etanol evita 90% das emissões dos gases comparado ao combustível fóssil (gasolina).
“O etanol é parte da solução nas próximas etapas da descarbonização dos transportes aéreos e marítimos. Para cada molécula do combustível sustentável de aviação SAF (sigla em inglês de Sustainable Aviation Fuel), se utiliza 1,7 molécula de etanol. O melhor seria produzi-lo aqui na Paraíba, porque a disponibilidade do SAF atrai mais voos aéreos. Precisamos substituir, também, o óleo pesado dos navios pelo e-metanol, que utiliza, na sua produção, um subproduto do etanol, o CO2 biogênico. Essa indústria dos biocombustíveis precisa do Governo do Estado, precisamos e queremos contribuir para a neo-industrialização, como foi anunciado pelo vice-presidente da República Geraldo Alckmin, que se tornou amigo do Governador João Azevedo”, finalizou Edmundo.
A partir de dados do sistema Preço da Hora Paraíba, o Sindalcool-PB elaborou uma tabela com os menores preços do biocombustível em alguns municípios do estado: