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Conviver: o mais político dos atos
04/05/2023 / 07:04
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Pra você que chegou agora, estamos produzindo uma série de textos e vídeos baseada no livro: “Política pra não ser idiota” de Mário Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro. Nossa proposta é fazer um texto e um vídeo por capítulo e esse é o segundo texto produzido da nossa série. No primeiro texto, a gente conversou sobre o conceito de liberdade. Lá eu comentei a seguinte  frase: “a vida humana é um condomínio.” Você concorda com ela?

Qual o entendimento de liberdade que as pessoas têm hoje? Algumas pessoas entendem liberdade e direito como uma propriedade ou até mesmo como um objeto de consumo. O que isso quer dizer? A pessoa exige seu direito – por exemplo – pra fumar em público, pra dirigir depois de beber, ou pra viver sua sexualidade, muitas vezes a partir de uma visão consumista. Mas como assim? O que eu quero dizer com isso?

 

É como escrevi no texto anterior: quando eu só penso nos MEUS direitos, na MINHA liberdade, no MEU usufruto, eu estou tendo uma visão idiota da vida. Ou seja: estou pensando apenas no meu âmbito pessoal. Você consegue entender?

 

A boa convivência tem como premissa o fato de que, para cada direito, normalmente existe também uma obrigação vinculada. Ou seja, para cada direito meu, existe, mesmo que indiretamente, certo sentido de dever. Eu tenho o direito de consumir bebida alcoólica a hora que eu quiser. Desde que eu seja maior de idade e que também cumpra com o dever de não dirigir, para evitar acidentes de trânsito. Mas e quando alguém ignora essa relação entre direitos e deveres e só pensa nos direitos?

 

Nesse caso, é provável que, mais cedo ou mais tarde, a pessoa não consiga viver em sociedade. E aí, por meio de um processo legal, concedendo todo o direito de defesa, a pessoa pode até chegar ao ponto de ter a sua liberdade limitada, cerceada.

 

Lembra da frase do início? “A vida é um condomínio”?

Pois é, num condomínio, cada propriedade é chamada de “unidade autônoma”.

Perceba a diferença: não são unidades SOBERANAS. São unidades AUTÔNOMAS.

 

A palavra soberano vem do latim, superanus,  que significa super, aquele que está acima de todos e não se subordina a ninguém. A autonomia, por sua vez, é a junção do vocábulo grego autós – que significa “por si mesmo” -, e nómos, que significa “aquilo que me cabe por direito ou dever.”

Então a SOBERANIA tem relação com estar acima. Ou seja, é algo ou alguém que não se subordina aos demais. Já AUTONOMIA, tem relação com aquilo que cabe a mim – seja um direito, um dever, ou ambos.

 

E pra o condomínio ficar completo, falta quem?

O síndico.

O sentido originário da palavra síndico traz a ideia de alguém que se junta a outros para pedir justiça.

Quando falamos sobre esses tipos de função, estamos falando de representantes. Em nosso exemplo, o síndico como representante de todo o prédio. Da mesma forma, funciona na nossa cidade. Ao eleger o prefeito, focamos na cidade que queremos. Inclusive, essa escolha tem mais impacto sobre nossas vidas do que a de presidente. A questão é que muitas vezes estamos nos esgotando da democracia antes mesmo de completá-la.

 

Chegamos ao fim deste texto e aproveitamos para lhe convidar novamente a acompanhar esta série.