
O Copacabana Palace, um dos hotéis mais tradicionais e luxuosos do país, passou a adotar a escala 5×2 para 90% de seus funcionários — um movimento ainda raro na hotelaria brasileira e que começa a ganhar força entre grandes redes. O novo regime, que garante duas folgas semanais em vez do tradicional 6×1, foi implementado em maio e anunciado recentemente pela administração do hotel, que pertence ao grupo internacional Belmond.
Segundo o Copa, a mudança busca melhorar o bem-estar e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal das equipes, especialmente nos setores operacionais, que incluem camareiras, governantas, garçons, maîtres, chefs de cozinha e concierges. Ficam de fora apenas os seguranças, que seguem cumprindo escala 12×36.
Para Guillaume Lemarchand, diretor de Recursos Humanos do hotel, a decisão representa um avanço histórico: “A hotelaria sempre foi um setor em que os profissionais tinham apenas um dia de folga por semana, e oferecer dois representa um avanço significativo na qualidade de vida, na saúde mental e no equilíbrio familiar das equipes.”
A iniciativa do Copacabana Palace acompanha um movimento crescente em outras redes de alto padrão. O Palácio Tangará, referência de luxo em São Paulo, também migrou para a escala 5×2 após um investimento adicional de R$ 2 milhões anuais. A mudança veio após demanda expressiva dos próprios funcionários: em assembleia realizada em agosto, 89% dos trabalhadores aprovaram a adoção do novo modelo.
De acordo com o diretor-geral do hotel, Celso D. Valle, a medida fortalece a marca como empregadora: “Nenhum outro hotel de luxo em São Paulo oferece a escala 5×2 a 100% de seus colaboradores, o que torna a empresa ainda mais atrativa para a contratação e retenção de mão de obra qualificada, um diferencial relevante em um setor altamente competitivo.”
A rede Blue Tree Hotels também mudou suas operações neste ano, adotando o regime 5×2 em seus 23 hotéis, resorts e unidades de lazer. Com a proximidade da temporada de fim de ano e a necessidade de contratações temporárias, a mudança se tornou um diferencial importante para atrair mão de obra.
Maria Rosa Leroy, diretora de Operações da Blue Tree, explica que o novo modelo atende principalmente às expectativas de trabalhadores mais jovens, que buscam mais qualidade de vida: “Reduzir a escala foi nosso principal atrativo, porque melhora o equilíbrio do trabalho com a vida pessoal.”