VITOR MORENO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Você conhece bem os seus vizinhos? Tem algo em comum com alguns deles além do código postal? No caso do trio de protagonistas de “Only Murders In The Building”, série que estreia na terça-feira (31) junto com o serviço de streaming Star+, eles descobrem um interesse compartilhado.
Na trama, Charles (Steve Martin), Oliver (Martin Short) e Mabel (Selena Gomez) são moradores do edifício Arconia, em Nova York. Um belo dia, todos precisam deixar seus respectivos apartamentos por causa de um alarme de incêndio.
Até então, eles mal se cumprimentavam no elevador, mas começam a conversar e descobrem que são fãs de podcasts sobre crimes reais. Quando ficam sabendo que houve um assassinado no prédio, eles resolvem conduzir uma investigação por conta própria.
A ideia original é do próprio Steve Martin, 76, que chamou o roteirista John Hoffman (de séries como “Gracie e Frankie” e “Looking”) para ajudá-lo a desenvolver o projeto. “Quem diria não a um convite como esses?”, comenta o cocriador.
“Ele foi muito generoso e receptivo ao que eu estava propondo”, comemora. Depois que a série foi apresentada ao mercado e recebeu uma encomenda de 10 episódios, ele passou a desenvolver os episódios com uma equipe maior, sempre voltando ao ator para apresentar cada ideia.
“Eu sempre ficava nervoso pensando o que o Steve ia pensar, mas não poderia ter sido melhor”, conta. “Todos tínhamos a mesma visão para a série, foi um alívio ver o quanto ele era aberto às nossas ideias e, no final, sempre dizia: ‘Sim, vamos fazer assim’.”
Passada a fase de criação, era hora de escalar o elenco. Além do próprio Steve Martin, um craque na comédia, Hoffman diz que foi fácil trazer Martin Short, 71, para o time, já que os dois atores são bastante amigos. Restava saber quem preencheria o papel de Mabel.
“Pensamos muito sobre o assunto e chegamos à conclusão de que precisávamos trazer alguém inesperado, que não parecesse fazer muito sentido com os outros dois”, conta. A personagem acabou ficando com a atriz e cantora Selena Gomez, 29.
“Ela não poderia ser mais perfeita para o papel”, avalia. “No começo eu não sabia, mas ela me contou que também é fã de produções sobre crimes reais, chegando ao ponto de ter ido com a mãe à CrimeCon [evento sobre produções do gênero]. As duas voltaram cheias de souvenirs! Não poderia ter alguém mais adequado para o personagem.”
Além disso, a conexão entre o trio foi imediata. “Não sabíamos como ela ia se encaixar com dois caras que são muito da comédia, mas isso foi respondido logo na primeira leitura do roteiro”, diz. “Ela tem esse jeito honesto, moderno, engraçado e afiado de dizer as falas, que combinou muito com o dos colegas.”
Com a certeza de que a química entre eles tinha funcionado, Hoffman diz que ficou até mais fácil de continuar tendo novas ideias. Entre os moradores do prédio, aparece até mesmo o cantor Sting, 69, em uma participação especial. “É uma loucura!”, resume o cocriador sobre o elenco que conseguiu reunir.
Porém, tem um personagem que não pode deixar de ser citado: o próprio Arconia. “Adoro esses predinhos pré-guerra e o próprio Steve Martin mora em um edifício assim em Nova York”, explica. “Ele me convidou para um jantar no começo do projeto, quando eu ainda estava muito intimidado e nervoso.”
“Quando estava subindo, enquanto tentava me acalmar, entrou uma senhorinha no elevador”, lembra. “Foi quando reparei que era a comediante, autora e diretora Elaine May e pensei que aquela era uma experiência muito novaiorquina. Você sempre encontra todo tipo de pessoa nesses predinhos.”
O prédio que serviu de locação fica no luxuoso bairro do Upper East Side, mas o cocriador diz que a série é uma homenagem a toda a cidade. “Se alguém me perguntasse qual o tom da série, eu diria que é um tom novaiorquino, porque só aqui você encontra todo tipo de maluquice em menos de 10 quadras.”
Os apartamentos dos personagens também revelam algumas características deles. “O apartamento do Oliver é cheio de detalhes, enquanto o do Charles é reformado, mas ainda cheio de história”, observa. “O da Mabel é cru e com coisas por terminar.”
Não passam despercebidas as homenagens a algumas produções rodadas na cidade, como “Um Misterioso Assassinato em Manhattan” (1993), de Woody Allen. “Tem algumas semelhanças no começo da história, mas, à medida que ela evolui, tentamos fazer algo mais inovador”, garante.
Ele cita ainda “O Bebê de Rosemary” (1968), “O Show Deve Continuar” (1979) e o diretor Alfred Hitchcock, só para focar nos primeiros episódios. “Mais para a frente, entram muitas outras inspirações”, adianta.
Perguntado se em apenas 8 episódios será possível chegar a uma conclusão definitiva sobre quem matou Tim Kono, o vizinho assassinado no primeiro episódio, Hoffman garante que sim. “A primeira coisa que o Steve Martin me pediu foi que, no fim da temporada, soubéssemos quem tinha feito isso”, afirma.
“Vamos responder a essa questão, mas esperamos deixar todo mundo na dúvida até o último momento”, diz. “Estou orgulhoso de como o nosso time de roteiristas encaminharam esse mistério. É muito completo, porque é preciso trabalhar de trás para a frente, mas acho que as pessoas ficarão surpresas.”