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Crianças de até 1 ano terão prioridade na vacina da Pfizer contra Covid
18/09/2022 / 11:08
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A câmara técnica do PNI (Plano Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde deve recomendar na próxima semana a imunização de crianças entre seis meses e quatro anos de idade contra a Covid-19 com a vacina da Pfizer, aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na última sexta (16).

As crianças menores de um ano deverão ter prioridade na vacinação, segundo o pediatra Renato Kfouri, membro do comitê técnico do PNI e presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Esse grupo infantil é o mais vulnerável para a Covid, respondendo por mais da metade das hospitalizações e óbitos pela doença entre as crianças, segundo dados do Ministério da Saúde.

São cerca de 12 milhões de crianças elegíveis para a vacina da Pfizer, e a recomendação são três doses de 0,2 mL (equivalente a 3 microgramas). Ou seja, serão necessárias 36 milhões de doses.

As duas doses iniciais devem ser administradas com três semanas de intervalo, seguidas por uma terceira dose administrada pelo menos oito semanas após a segunda, segundo a Anvisa. Para diferenciá-la das demais, a vacina voltada à nova faixa etária será identificada pelo frasco com tampa de cor vinho.

Para crianças de cinco a 11 anos, a tampa é laranja e, para o público acima de 12 anos, roxa. De acordo com Kfouri, como já existe um acordo anterior de compra entre o ministério e a Pfizer, que prevê a troca de produtos, ou seja, vacinas de adultos já adquiridas poderão ser trocadas pelas doses pediátricas, é possível que isso agilize a aquisição dos imunizantes para essa nova faixa etária.

Mas entre os especialistas há dúvidas se o governo de Jair Bolsonaro (PL) vai bancar a vacinação de bebês contra a Covid, ainda mais às vésperas das eleições presidenciais.

Em dezembro de 2021, quando a Anvisa deu sinal verde para o uso da vacina da Pfizer em crianças a partir de cinco anos, Bolsonaro criticou a decisão, e atacou a agência, o que desencadeou uma onda de ameaças a seus técnicos e diretores. À época, o presidente também minimizou o número de mortes infantis pela doença.

Em 2020 e 2021, foram 1.439 óbitos de crianças até cinco anos, sendo que 48% eram de bebês entre 29 dias e um ano incompleto (pós-neonatal), uma média de 1,9 por dia.

Dados do consórcio de veículos de imprensa desta sexta (16) mostram que só 35,86% das crianças entre três e 11 anos estão totalmente imunizadas contra a Covid e cerca de 53% estão parcialmente (foram vacinados com a primeira dose).

“Esperamos que isso [a aprovação para bebês a partir de seis meses] anime os pais das crianças maiores. Em todas as faixas etárias, o número de casos de Srag [síndrome respiratória aguda grave] por Covid continua caindo, menos em crianças de zero a 11 anos”, diz a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Ela afirma que a ação dos grupos antivacina na divulgação de notícias falsas destruiu a percepção de risco dos pais em relação à Covid. “Se eu digo para os pais que a vacina é perigosa, que pode dar miocardite, o que não é verdade, eles vão querer dá-las aos filhos? Não, né?”

A falta de campanhas por parte do Ministério da Saúde no sentido de esclarecer os pais e alertá-los para os riscos da falta de vacinação também é um outro fator que colabora para a baixa cobertura, segundo a pediatra. “A Covid já ultrapassou o vírus sincicial respiratório, que até então era que mais causava Srag em crianças até cinco anos.”

Para Renato Kfouri, além desses fatores, não há vacina disponível para a faixa etária de três a cinco anos. A Coronavac (Butantan) está autorizada desde julho pela Anvisa, mas a imunização dessa faixa etária só foi iniciada pelos municípios que já tinham a vacina em estoque. Assim como nos adultos, são necessárias duas doses com intervalo de 28 dias.

Dados do Observa Infância, projeto da Fiocruz, mostram que menos de 2% das crianças de três e quatro anos completaram o esquema de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. “Se tivéssemos vacina, é possível que estivéssemos com 50% de cobertura da primeira dose, não mais que isso”, diz Kfouri.

A produção da Coronavac recomeçou em agosto no Instituto Butantan, com uso de matéria-prima importada. Segundo o instituto e o Ministério da Saúde, a distribuição deve estar normalizada até 30 de setembro.

Kfouri afirma que outro tema a ser discutido na câmara técnica do PNI é a recomendação de uma dose adicional da vacina contra a Covid em gestantes, na intenção de proteger os bebês com menos de seis meses.

“Alguns estudos já mostraram que, em bebês cujas mães foram vacinadas no fim da gravidez, o risco de terem uma Covid grave cai 80%. Então, independentemente do estado vacinal das mães, elas tomariam mais uma dose adicional na segunda metade da gravidez para proteger o bebê.”

Com informações da FolhaPress