
A Câmara Municipal de João Pessoa instalou, nesta segunda-feira (1º), uma Comissão Especial para fiscalizar as ações da prefeitura e da administração do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica) após a morte do jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que invadiu o recinto de uma leoa no último domingo. A tragédia levou ao fechamento temporário do parque.
A comissão, formada por Dinho Dowsley (PSD), presidente; Eliza Virgínia (PP); Odon Bezerra (PSB); Marcos Henriques (PT); Durval Ferreira (PL); Fábio Carneiro (Solidariedade) e Marcos Vinícius (PDT), terá 30 dias para levantar documentos, visitar o local e apurar possíveis falhas de segurança.
Líder do governo, Odon Bezerra (PSB) afirmou que a comissão definirá um plano de trabalho e realizará uma vistoria técnica. Ele classificou o episódio como “extremamente lamentável” e defendeu reflexão sobre segurança e prevenção. “Esse fato chocou a todos nós e nos faz tirar a venda. A Bica falhou na segurança? Quando é que tivemos algo dessa natureza? Nunca. Quem ia supor que alguém escalaria um muro de mais de seis metros e entraria na jaula de uma leoa?”, disse.
Odon pediu cautela antes de conclusões definitivas e alertou contra o uso político do episódio: “Vamos tomar pé da situação e mostrar isso em plenário, no momento em que vão querer fazer proselitismo.”
Da oposição, Marcos Henriques (PT) afirmou que o caso não pode ser reduzido a um “suicídio naturalizado” e destacou falhas da rede de saúde mental. “CAPS sem equipes mínimas, serviços fragilizados, alta rotatividade, ausência de supervisão, medicação excessiva. A rede está incapaz de garantir cuidado contínuo”, disse. Para ele, a tragédia expõe a vulnerabilidade de pessoas com transtornos mentais. “Se a rede não acolhe, outros gestos vão aparecer, não na jaula de uma leoa, mas na frente de um ônibus. Depressão e ansiedade são o mal do século.”
Marcos afirmou que a comissão deve fiscalizar tanto as condições do zoológico quanto a assistência psicossocial. “A gestão precisa ter sensibilidade. Já chamamos debates sobre saúde mental, mas a prefeitura se nega a discutir.”
Os trabalhos devem começar na quinta-feira, com pedidos de informações e definição da data da visita técnica à Bica.
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