O curta-metragem “Quando Sair Lá Fora Serei Ana”, realizado por artistas da Paraíba, fará sua estreia nacional no 36º Festival Internacional de Curtas de São Paulo – Kinoforum, um dos mais importantes eventos dedicados ao formato curta na América Latina. A produção integra a mostra Brasil 3 | Espinho da Carne, e será exibida nos dias 22 de agosto, às 18h, na Cinemateca Brasileira (Sala Oscarito), e 24 de agosto, às 17h, no CineSesc.

Com roteiro, atuação e codireção de Jamila Facury, ao lado do cineasta Edson Lemos Akatoy, o filme acompanha os primeiros dias de Kelly após entrar no PROVITA (Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas). Vítima de uma tentativa de feminicídio cometida por seu ex-companheiro, Ana precisa abandonar tudo o que conhece para permanecer viva. Em uma nova cidade, isolada e protegida por sua nova identidade, ela tenta reconstruir a própria vida enquanto enfrenta o trauma, a síndrome do pânico e o medo constante.

Ambientado em João Pessoa, capital da Paraíba, o filme propõe uma experiência sensível e imersiva sobre os efeitos emocionais e sociais da violência de gênero, refletindo também sobre os desafios e silêncios do recomeço. “Mais do que contar a história de uma sobrevivente, o filme questiona: o que acontece depois da denúncia? Como reconstruir a vida após o rompimento?”, explica Jamila Facury.

Atriz negra, roteirista e diretora, Jamila Facury é graduada em Teatro e Letras pela Universidade Federal da Paraíba e atua no audiovisual desde 2014. Como atriz, destacou-se nos longas “Bacurau” (2019), de Kleber Mendonça Filho, “O Sertão Vai Vir ao Mar” (2024), telefilme produzido pela Rede Globo, e mais recentemente “Corpo de Paz” (2025), de Torquato Joel.

Sua trajetória como roteirista começou durante a pandemia, quando coassinou o curta “A Mulher Invisível” (2023), de R. B. Lima. Em 2025, lançou seu segundo roteiro com “Quando Sair Lá Fora Serei Ana”, projeto no qual também estreia como diretora e protagonista. Atualmente, desenvolve o curta-metragem “Caso Isolado”, recentemente contemplado pela Lei Aldir Blanc e previsto para ser rodado no final de 2025.

Com uma narrativa que combina o novo cotidiano e flashbacks, o curta destaca o papel do PROVITA como política pública essencial para os direitos humanos no Brasil, especialmente diante da violência contra mulheres, que atinge números alarmantes no país. Além disso, o filme se propõe como uma contranarrativa: ao apresentar uma rede de proteção composta por personagens negros — psicóloga, policiais e vizinha —, reafirma a importância dos laços de cuidado, escuta e resistência nas comunidades negras.

A produção é da Restinga Filmes, com recursos da Lei Paulo Gustavo, política de fomento emergencial à cultura promovida pelo Governo Federal e gerida na Paraíba pela Secretaria de Cultura do Estado. Em um cenário em que produções do Nordeste ainda enfrentam desigualdades de visibilidade e acesso aos grandes festivais, a seleção do filme em um evento do porte do Kinoforum representa um novo passo para o audiovisual paraibano.

A direção de fotografia é assinada por Marcelo Quixaba. No elenco, além de Jamila Facury, estão Matheus Leonel, Jinarla, Alison Bernardes, Ana Valéria, Nica Bezerra, Murilo Franco e Mari Miguel.

Classificado para maiores de 12 anos, o curta-metragem convida o público a refletir sobre os caminhos possíveis depois da violência.

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Quando Sair Lá Fora Serei Ana
Curta-metragem | Drama | 24 min | Brasil | 2024
Roteiro, direção e atuação: Jamila Facury
Codireção e montagem: Edson Lemos Akatoy
Produção: Restinga Filmes

Exibições no 36º Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo

22 de agosto – 18h – Cinemateca Brasileira (Sala Oscarito)

24 de agosto – 17h – CineSesc

Mostra: Brasil 3 | Espinho da Carne | Entrada Gratuita