O julgamento de Daniel Alves, acusado de estupro em uma boate de Barcelona, teve início nesta segunda-feira, 5, e está programado para durar três dias. A Justiça Espanhola ouvirá o jogador brasileiro e 28 testemunhas que estavam presentes na noite do suposto incidente.
Alves permanecerá em prisão preventiva até a conclusão do julgamento, enquanto os advogados buscam um acordo antes da sentença. No entanto, a probabilidade de consenso é baixa, segundo informações da rede de TV Telecinco.
Na primeira sessão, marcada para 5 de fevereiro, Daniel Alves deve prestar depoimento, seguido por seis testemunhas. O segundo dia será dedicado aos depoimentos das outras 22 testemunhas.
Em 7 de fevereiro, a sessão será voltada para trâmites periciais, e a juíza do caso, Isabel Delgado Pérez, ficará encarregada de elaborar a sentença. A defesa da mulher que acusa o jogador solicitou uma condenação de 12 anos de prisão, enquanto os advogados do acusado tentam resolver o julgamento por meio de um acordo.
A versão da denunciante
A suposta vítima afirmou em conversas vazadas com um policial que Daniel Alves a insultou, jogou sua bolsa e começou a agredir. As falas divulgadas também mostram a jovem admitindo temer que ninguém acreditaria em sua versão.
Ela diz que os policiais não acreditariam em sua versão, de ter sido supostamente violentada, porque as gravações das câmeras da boate mostrariam ela entrando voluntariamente no banheiro.
“Entrei voluntariamente no banheiro e, depois de alguns beijos, disse a ele que queria sair. Ele falou que não e fechou o trinco. Ele começou a me dizer coisas desagradáveis, como ‘você é minha p…’ e começou a me bater. Ele jogou minha bolsa no chão e me bateu”, disse aos agentes.
Uma amiga dela relata que “houve penetração”. A partir disso, a polícia aciona uma ambulância e a jovem volta a dizer que não acreditariam em sua versão. Logo após, a imagem é cortada.
“Ninguém vai acreditar em mim porque vão ver nas câmeras que entrei voluntariamente no banheiro”, afirma. De acordo com os jornais La Vanguardia e El Publico, a gravação é um documento essencial para a investigação do caso.
No dia 29 de abril de 2023, durante o programa de TV Ana Rosa, da mesma emissora espanhola Telecinco, a ex-mulher do jogador, Joana Sanz, negou a informação sobre um acordo entre o casal para que a modelo colaborasse no processo. Em suas próprias redes sociais, ela ainda afirmou que o brasileiro tem dificultado o processo de divórcio.
“É mentira. Não há acordo. Sim, estamos em processo de divórcio, que ele está recusando e isso complica tudo. E não, não estou recebendo dinheiro. Não entendo a necessidade de inventar notícias”, escreveu a modelo.
Segundo a jornalista Mayka Navarro, o divórcio formal ainda não foi confirmado, apesar da modelo ter anunciado a separação nas redes sociais. O adiamento da assinatura seria justificado por um pagamento de Alves, tendo em vista que a defesa do jogador utiliza o casamento com uma espanhola para provar à justiça que não há pretensão de fuga.
Para o promotoria, ele ainda é considerado uma pessoa com “alto risco de fuga”. Por esse principal motivo, o Ministério Público da Espanha negou todos os pedidos de liberdade até o momento.
Relembre o caso
No dia 21 de março de 2023, o Tribunal de Barcelona rejeitou o pedido feito pela defesa do jogador brasileiro para que o atleta respondesse ao processo em liberdade. Na decisão, os três juízes responsáveis, Eduardo Navarro, Myriam Linage e Carmen Guil, alegaram que há risco de fuga de Daniel Alves para o Brasil, além de diversos indícios do crime cometido pelo jogador de 39 anos.
Daniel deu cinco versões para o ocorrido na boate Sutton, em 31 de dezembro de 2022. A princípio, ele havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher, em entrevista a uma emissora espanhola, dia 5 de janeiro. Após, chegou a admitir que houve sexo.
As investigações podem levar a uma punição severa ao brasileiro. Desde outubro de 2022, vigora na Espanha a Lei de Garantia da Liberdade Sexual, conhecida popularmente como lei do “só sim é sim”, e diz respeito ao que configura sexo consensual (atual versão defendida por Daniel Alves).
A denúncia se assemelha ao caso do ex-atacante Robinho, que no no passado foi condenado de forma definitiva pela Justiça italiana a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa, ocorrido em 22 de janeiro de 2013, em uma casa noturna de Milão. O ex-jogador segue vivendo em liberdade em Santos (SP), pois o Brasil não extradita seus cidadãos.
Com informações da Revista Placar