A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira apontou que, apesar dos esforços da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para melhorar o desempenho do ex-presidente entre os evangélicos, a vantagem de Jair Bolsonaro (PL) neste segmento passou de 16 para 23 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, divulgado há uma semana. O atual chefe do Executivo, que tinha 48% entre os fiéis, agora aparece com 51%, enquanto o ex-presidente foi de 32% para 28% no período.
Já entre os que se declaram com outras religiões, exceto católicos e evangélicos, a diferença entre os dois candidatos no último levantamento é de apenas dois pontos percentuais – antes, era de 15. Lula trocou um 44% por 37%, e Bolsonaro passou de 29% para 35%. No grupo de eleitores católicos, o petista lidera com 54% da preferência, contra 27% do principal adversário (na sexta-feira anterior, eles possuíam 51% e 28%, respectivamente).
Se a ofensiva da campanha lulista junto aos evangélicos não se refletiu nos números do Datafolha, o mesmo pode-se dizer da tentativa de Bolsonaro de melhorar sua imagem entre as mulheres, uma das prioridades dos estrategistas do presidente nas últimas semanas. Neste segmento, as movimentações foram todas sutis, dentro da margem de erro. Lula oscilou dois pontos para baixo, de 48% para 46%, e Bolsonaro oscilou um ponto para cima, atingindo 29%. O cenário entre os homens também pouco alterou-se: o petista permaneceu com 43%, enquanto o rival foi de 37% para 39%.
Na análise geral, o panorama também é de estabilidade. A 23 dias do pleito, Lula está 11 pontos à frente de Bolsonaro, com 45% das intenções de voto, contra 34% de Bolsonaro. Há uma semana, o petista marcou o mesmo percentual, e o candidato do PL estava com 32%. O presidente oscilou, portanto, positivamente dois pontos, dentro da margem de erro.
A manutenção de uma vantagem de mais de dez pontos se deve, em grande parte, ao desempenho de Lula entre os mais pobres, que ganham até 5 salários mínimos, maior fatia do eleitorado brasileiro. Ele repetiu os 54% de preferência neste nicho e permanece com mais do que o do dobro de intenções de voto de Bolsonaro, que, a despeito da aposta no Auxílio Brasil de R$ 600, oscilou apenas um ponto percentual para cima, alcançando 26%.
Do mesmo modo, pouco mudou entre quem recebe de dois a cinco salários mínimos. Ambos os candidatos oscilaram um ponto positivamente, mantendo a situação de empate técnico: o petista soma 41%; Bolsonaro tem 37%. O recorte de renda de cinco a dez salários, porém, aponta para um quadro diferente, de franca reação do presidente. Antes, ele aparecia numericamente à frente, por 40% a 37%. Agora, a vantagem passou para 15 pontos percentuais (49% a 34%).
O levantamento do Datafolha foi feito entre os dias 8 e 9 de setembro, inteiramente após as manifestações do dia 7 de Setembro, promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro. Os números gerais indicam que não houve impacto imediato dos atos na opinião dos eleitores. A estabilidade na corrida presidencial se soma à alta convicção do eleitorado: 77% dizem estar totalmente decididos sobre o voto para presidente.
Por O Globo