
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (9), após ocupar a cadeira da presidência em protesto contra o processo de cassação que enfrenta na Casa. Policiais legislativos removeram o parlamentar do local às 18h08, após mais de duas horas de impasse.
O protesto começou às 16h04, quando Glauber tomou o assento do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e se recusou a deixar o espaço. O deputado, que não integra a Mesa Diretora, afirmou que a ação era uma resposta ao anúncio de que seu processo de cassação será analisado em plenário.
Às 17h34, a TV Câmara interrompeu a transmissão da sessão. No mesmo horário, a imprensa foi retirada do plenário por policiais legislativos, o que impediu o acompanhamento da operação. Questionada, a assessoria de Hugo Motta alegou cumprimento de “protocolo interno”, mas não detalhou qual medida foi acionada.
Após ser removido, Glauber Braga criticou o corte da transmissão e o afastamento dos jornalistas. “Nunca vi o sinal da TV Câmara ser cortado durante uma sessão”, afirmou. O deputado também comparou o tratamento recebido ao dispensado aos parlamentares que ocuparam a Mesa Diretora em agosto, em protesto contra decisão do STF envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O episódio reacendeu lembranças do motim protagonizado por 14 deputados da oposição em agosto, quando impediram fisicamente que Hugo Motta conduzisse uma sessão. Na ocasião, o presidente da Câmara chegou a cogitar suspender os parlamentares em rito sumário, mas recuou diante da falta de apoio da Mesa Diretora. O caso atualmente está sob análise do corregedor Diego Coronel (PSD-BA), que tem 45 dias para emitir parecer.
A denúncia que pode levar à cassação de Glauber foi apresentada pelo Partido Novo em abril de 2024. O deputado é acusado de agressões físicas contra o militante do MBL Gabriel Costenaro e de ter se desentendido com o deputado Kim Kataguiri (União-SP) durante o mesmo episódio.
Vídeos e depoimentos colhidos pelo Conselho de Ética apontam que a discussão entre Glauber e Costenaro evoluiu para empurrões e chutes dentro da Câmara. O parlamentar sustenta que reagiu após provocações sistemáticas e ofensas contra sua mãe, que morreu semanas depois.
O relator do caso, deputado Paulo Magalhães, concluiu que houve agressão e recomendou a cassação, citando ainda outros episódios envolvendo Glauber em anos anteriores. Aliados do psolista contestam essa inclusão, afirmando que o parecer mistura denúncias já arquivadas.
O processo agora segue para análise do plenário, em votação ainda sem data definida.