Nesta quinta-feira, 22 de maio, celebra-se o Dia do Abraço: hábito que deveria ser corriqueiro, mas que, para muitas pessoas, não faz parte da rotina e pode deixar marcas profundas. A psicóloga Karina Siqueira, da Hapvida, explica que a privação de afeto pode gerar consequências graves, principalmente em fases vulneráveis da vida, como a infância e a velhice.
“A falta de carinho e atenção pode levar a traumas profundos”, afirma a especialista, que ressalta que o abraço transmite segurança, acolhimento e pertencimento.
Dados da Sociedade Brasileira de Psicologia revelam que crianças privadas de afeto têm 30% mais chances de desenvolver ansiedade e depressão na vida adulta. Na era digital, muitas recebem tablets e celulares no lugar de atenção e abraços. De acordo com Karina, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a falta de interação humana pode levar a problemas de desenvolvimento emocional, como dificuldades de socialização e aumento da ansiedade infantil.
“Uma criança que não recebe afeto pode desenvolver inseguranças, baixa autoestima e até transtornos emocionais. O contato físico e o diálogo são insubstituíveis”, reforça Karina Siqueira.
Se a situação é preocupante para as crianças, para os idosos ela se torna dramática. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 40% dos idosos brasileiros sofrem com a solidão. Muitos passam meses sem receber um abraço, um “eu te amo”, ou mesmo uma visita de familiares.
“O que mais escuto no consultório são idosos dizendo que não se lembram da última vez que foram abraçados”, relata Karina. A psicóloga explica que, na terceira idade, quando as reflexões existenciais se intensificam, a falta de afeto pode acelerar processos degenerativos e piorar quadros de depressão, o que, segundo estudos, pode até levá-los à morte.
A ciência explica – O alívio imediato ao ser acolhido por um abraço é cientificamente comprovado. Isso acontece devido ao contato físico, que libera ocitocina, o hormônio que reduz o estresse e aumenta a sensação de bem-estar. Um abraço pode baixar a pressão arterial, fortalecer o sistema imunológico e até aliviar dores físicas.
Experimentos clássicos, como os de Harry Harlow com macacos, demonstraram que o afeto é tão vital quanto a alimentação. Quando os filhotes tinham que escolher entre uma “mãe” de arame que fornecia comida e outra de tecido macio que oferecia apenas aconchego, eles passavam a maior parte do tempo agarrados à mãe fofa, buscando nela conforto e segurança.
Essa descoberta mostrou que o carinho não é um luxo, mas uma necessidade básica do desenvolvimento emocional.
“A solução está ao alcance de nossos braços – literalmente. Desligar o celular para brincar com uma criança, visitar um parente idoso e oferecer aquele abraço demorado que a correria do dia a dia nos faz esquecer. Todos nós precisamos de algo simples, mas essencial, que é o calor de um outro corpo que nos diga, sem palavras, que não estamos sozinhos”, completa Karina Siqueira.