Fazer com que a música paraibana seja parte do movimento de retomada do disco de vinil. Essa é a nova missão da Taioba Discos, que tem feito com que a música brasileira em vinil chegue em qualquer parte do mundo.
Sérgio Vilar, empreendedor paraibano, revela que a partir de agora a intenção é colocar a ideia pra frente: distribuir discos de música paraibana que são produzidos aqui na terra e produzir novos discos de vinil.
“Inserir a música paraibana, independente, principalmente, nesse circuito do vinil”
Os discos comercializados pela loja vêm de duas fontes. A primeira são os selos que lançam os discos, majoritariamente concentrados no sudeste, no eixo Rio–São Paulo, onde a maioria dos discos são lançados. “Mas a gente já tem alguns selos no Nordeste agora, já temos em Aracajú, Fortaleza“, comenta Sérgio.
A segunda fonte é o garimpo realizado pela Taioba, “onde a gente realmente vai nos galpões empoeirados atrás dos discos, em várias cidades do Brasil, desde o Norte até o Sudeste, mas a gente faz muito garimpo aqui na Paraíba também. Discos usados, novos, coleções, famílias e tudo mais, que estão ali abandonados, a gente faz o trabalho de recuperar esses discos, higienizar os discos, avaliar o estado deles, se eles tão tocando bem, se estão num estado legal, e aí a gente coloca na loja“.
A curadoria do trabalho é focada principalmente em música brasileira.
“A música brasileira é muito ampla. A gente tem uma linha de curadoria mais voltada pros grandes nomes da música brasileira, como Caetano, Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque, Milton Nascimento. Mas a gente gosta muito de incluir no nosso catálogo discos de música brasileira nova, de música brasileira independente”.
“E a gente também eventualmente faz algum resgate de algumas pérolas de música brasileira que são esquecidos, música paraibana a gente vai atrás bastante, títulos que foram lançados aqui na Paraíba e que foram perdidos com o tempo“, afirma Vilar, que mergulha em uma verdadeira pesquisa de LP’s para torná-los disponíveis ao público.
“Eu costumo dizer que Taioba nasce de fora pra dentro porque ela começa primeiro vendendo pra fora do Brasil, e aí depois a gente vem nichando pro mercado brasileiro e o mercado paraibano. Já teve disco de Cátia de França que foi pro Japão, disco de Chico César que foi pra Europa. Então a gente acaba, de certa maneira, fomentando a música paraibana lá fora através desse mercado ampliado”, pontua o empreendedor.
E tudo começou a partir da paixão dele em colecionar discos: “Me peguei ali com alguns discos que eu não ouvia tanto e achei que eles precisavam de uma nova casa”.
Depois de fazer um anúncio em uma plataforma especializada, o primeiro acabou sendo vendido para um brasileiro que morava em Nova York (EUA). Era um LP que só tinha no Brasil, indisponível no mercado externo, diz Sérgio.
“E a Taioba começou nessa coisa do mercado externo, vendendo discos brasileiros no exterior. Diferente do streaming, a mídia física ela tá ali vinculada ao lugar em que ela é fabricada, que ela é prensada”.
Hoje, a Taioba Discos funciona como loja online que envia para o Brasil e o mundo. Além do virtual, também marca presença em feiras de vinil que acontecem na capital paraibana. No início do segundo semestre, será a inaugurada uma loja física em João Pessoa.
“A gente começa a fazer também serviços de distribuição e de selo. A gente vai começar a distribuir discos de música paraibana, já temos alguns em negociação, e nossos planos futuros são de também começar a lançar discos de vinil, exclusivamente de música paraibana. A gente quer que a música paraibana faça parte dessa retomada do vinil”, pontua o empresário.
Entre os artistas paraibanos mais procurados e consumidos recentemente, ele destaca Cátia de França, com o relançamento de ’20 Palavras ao redor do Sol’ (1979).
Chico César, que ano passado reeditou em vinil o seu primeiro álbum, ‘Aos Vivos‘ (1995).
E ainda o lançamento em vinil de ‘Eu Não Sou Boa Influência pra Você’ (2017), de Seu Pereira e Coletivo 401.
“Por incrível que pareça“, ressalta Sérgio, o perfil do público que busca os discos é de pessoas mais jovens, na faixa entre 19 e 25 anos. “Tem bastante gente nesse perfil, o que pra mim foi uma surpresa muito grande, mas o pessoal ali dos 25 até os 35 anos também participa bastante dessa retomada”, explica.
“Já o pessoal mais velho, que teve contato com o vinil no seu auge, nessa primeira leva do vinil, ali na década de 70 até 90, é um pessoal que não procura muito os discos, é muita uma curiosidade dessas novas gerações”
A Taioba Discos também faz o resgate dos diversos tipos de música paraibana que foram lançados em formato de vinil e nunca chegaram ao formato digital em plataformas de streaming. Entre as obras, Sérgio cita ‘Paraibô’ (1978), de Hugo Filho, e ‘Mandrágora‘ (1993), de Milton Dornellas.
“Dentre outros…a gente tá sempre tentando fazer o resgate desses discos que ficaram, entre aspas, esquecidos, por não terem avançado no tempo, digamos assim. Mas eu acho que o tempo está voltando até eles. A retomada desse formato de vinil tá voltando e é o que a gente tenta fazer, principalmente através do garimpo, nos galpões, nos sebos, nas ruas. A gente tá sempre atrás dos discos e atrás dessas joias paraibanas que estão ali nas coleções, que foram dadas de presente, que estão nas casas, esquecidas, e a gente quer trazer esses discos de volta pro público, pra que o público tenha acesso a eles”, destaca o fundador da Taioba Discos.