Grandes, pequenos, rebaixados, de pelo curto, pelo longo e com cores variadas. Os vira-latas, também chamados de sem raça definida (SRD), são conhecidos por sua diversidade, temperamento dócil e comportamento brincalhão, e viraram os queridinhos dos lares brasileiros. Estimativas de ONGs e entidades de proteção animal indicam que entre 60% e 70% das adoções em feiras e abrigos envolvem cães vira-latas. Eles já representam 32% dos cachorros e 52% dos gatos com tutores no País, segundo pesquisa da Quaest.
No Dia do Vira-Lata, celebrado em 31 de julho, o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) chama a atenção da sociedade para a realidade dos animais sem raça definida, que representam a maioria dos cães e gatos abandonados no Brasil. De acordo com dados do Instituto Pet Brasil, cerca de 30 milhões de cães e gatos vivem em situação de rua ou em abrigos, sendo a grande maioria formada por vira-latas.
Para o presidente do CRMV-PB, médico-veterinário José Cecílio, a data é um convite à reflexão e ao cuidado responsável. “Cães e gatos sem raça definida merecem o mesmo cuidado e carinho que qualquer animal de raça. Eles precisam ser vacinados, vermifugados, castrados e devem visitar periodicamente o médico-veterinário para garantir uma vida saudável”, destaca.
O abandono e a reprodução descontrolada de cães e gatos SRD contribuem diretamente para o aumento da população de animais de rua. Por isso, o CRMV-PB reforça a importância dos programas de castração, sobretudo nas comunidades mais vulneráveis, como estratégia de saúde pública e bem-estar animal. “Animais nas ruas, sem cuidados, podem transmitir zoonoses e estão mais expostos a doenças como cinomose, parvovirose, esporotricose e leishmaniose. O controle populacional é uma questão de responsabilidade coletiva e de política pública eficaz”, completa José Cecílio.
A castração é essencial, mas não é o único cuidado necessário. A vacinação anual, a vermifugação regular e o acompanhamento veterinário também são fundamentais para manter a saúde desses animais. A adoção consciente é outro caminho para mudar esse cenário. “Antes de adotar um animal, é importante levar em consideração vários aspectos, como tempo, condição financeira e espaço em casa, pois, após a adoção, aquele animal passa a ser de sua responsabilidade pelos próximos anos de sua vida. É sempre bom lembrar que o abandono de animais é crime e pode render até prisão”, destacou José Cecílio.
Legislação
É crime abandonar animal doméstico. A Lei Federal nº 9.605/98 estabelece pena de prisão e multa, que podem ser aumentadas se o ato resultar na morte do animal. A Lei Federal nº 14.064/20 aumentou a pena de detenção, que antes era de até um ano, para até cinco anos para quem cometer esse crime.
Configura abandono de animais o ato de negligenciar as necessidades primordiais dos pets dentro de casa, como, por exemplo, mantê-los acorrentados, isolados, sem alimentação adequada ou impedidos de manifestar comportamentos naturais da espécie. Somam-se a esse quadro, ainda, más condições de higiene e saúde.
O que levar em consideração antes de adotar um animal:
• Cães e gatos vivem, em média, 15 anos. Adotar é um compromisso para toda a vida.
• Toda a família deve estar de acordo com a decisão de ter um animal.
• Conheça o porte, temperamento e necessidades do animal quando adulto.
• Avalie se você pode arcar com os custos de alimentação, vacinas, vermífugos e cuidados veterinários.
• Tenha tempo para passeios, brincadeiras, carinho e atenção.
• Verifique se sua casa tem espaço adequado e seguro.
• Animais crescem, envelhecem e podem adoecer.
Cuidados com o seu animal de estimação:
• Socialização: Estimule o contato com pessoas e outros animais desde cedo.
• Saúde: Mantenha as vacinas, vermífugos e proteção contra pulgas e carrapatos em dia.
• Castração: Castre machos e fêmeas para evitar crias indesejadas.
• Viagens: Nunca abandone seu pet. Leve carteira de vacinação, atestado de saúde e transporte-o com segurança. Faça paradas regulares para água e necessidades.
• Alimentação: Ofereça ração de qualidade adequada à espécie e idade, com água limpa e fresca sempre disponível.
• Ambiente: Proporcione um local limpo, protegido do sol, da chuva e do vento. Nunca o mantenha preso por correntes.
• Higiene: Realize banhos e escovações conforme orientação do médico-veterinário.
• Passeios: Leve seu cão para passear com coleira e guia todos os dias. Nunca o deixe solto na rua.
• Identificação: Use plaqueta de identificação e, se possível, microchip.