Em uma manhã marcada por emoção, compromisso e esperança, o auditório “Desembargador Orlando Jansen”, no Fórum de Bayeux, foi palco nesta ontem (sexta-feira) de um momento histórico: a apresentação do Diagnóstico Socioassistencial da Situação da Criança, Adolescente, Jovem, Mulher e Comunidade LGBTQIAPN+, elaborado pela ONG Aliança Bayeux Franco Brasileira em parceria com o Conselho Municipal em Defesa da Criança e do Adolescente.

O documento, fruto de uma emenda parlamentar do senador Efraim Filho (União), foi apresentado diante de representantes de conselhos tutelares, organizações sociais e autoridades como a promotora Juliana Couto e o juiz da Infância e da Juventude Antônio Rudimacy Firmino, e marca o início de uma nova era na formulação de políticas públicas com base em dados reais e não em suposições.

Instrumento essencial

O diagnóstico, inédito na história do município, consolida-se como instrumento essencial para compreender e enfrentar as causas da violência, da evasão escolar e da vulnerabilidade social, permitindo que o poder público planeje ações com foco em resultados concretos. Pela primeira vez, Bayeux dispõe de uma radiografia completa e científica da situação de suas crianças, adolescentes e mulheres, abrindo caminho para um futuro onde políticas públicas nascem da realidade e não da intuição.

Durante a solenidade, os integrantes da Mesa enfatizaram que a proteção e o desenvolvimento da infância e da juventude são responsabilidades compartilhadas entre Estado, sociedade civil e organizações sociais. O poder público deve garantir políticas eficazes, as ONGs cumprem papel vital no apoio direto às comunidades e a sociedade precisa atuar de forma ativa, fiscalizando, cobrando e denunciando violações. Embora a liderança da sociedade civil na criação do diagnóstico tenha sido celebrada, os participantes lamentaram que o governo precise ser “cutucado” para agir em temas tão urgentes.

Prioridade no impacto transformador

A presidente da ONG, Célia Domiciano, relembrou o caminho árduo até a liberação da emenda parlamentar, quase um ano de espera e persistência. Mesmo com recursos escassos, a entidade priorizou o investimento no diagnóstico por reconhecer seu impacto transformador. “A impressão deste material é uma grande vitória, pois garante acesso a toda a rede, algo que o Estado não fez com outros planos”, destacou. Ela anunciou ainda uma conquista simbólica e inspiradora: 14 crianças e adolescentes de alta vulnerabilidade social viajarão para a França na próxima semana para apresentar sua cultura — sonho antigo da ONG e símbolo do poder transformador das oportunidades.

Elaborado por técnicos da UFPB sob coordenação da professora doutora da UFPB, Marlene França, o estudo é descrito como um presente para Bayeux, por revelar com transparência a dura realidade de violência e exclusão, mas também os caminhos possíveis para superá-la. O próximo passo será transformar seus marcadores em planos municipais e fluxogramas de atendimento, abrangendo políticas voltadas à criança, ao jovem, à mulher e à comunidade LGBTQIAPN+. “Crianças e adolescentes não precisam de sorte, mas de oportunidades — porque sonhar pequeno dá o mesmo trabalho que sonhar grande”, resumiu uma das participantes, emocionada.

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