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Dilma comenta impeachment e critica PPI da Petrobras em entrevista a Mano Brown
28/04/2022 / 09:24
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A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que a PPI (preço de paridade de importação) praticada pela Petrobras transforma o Brasil em “paiseco exportador”. A petista criticou o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PL) culpar a empresa pela alta dos preços da gasolina e do diesel.

Dilma participou do podcast “Mano a Mano”, apresentado pelo cantor Mano Brown, em episódio que foi ao ar nesta 5ª feira (28.abr.2022) no Spotify.

A petista disse que o Brasil “não é um país qualquer”, mas um que tem riquezas como “petróleo, capacidade agrícola imensa, minérios (…) e capacidade industrial”.

A ex-presidente falou sobre a descoberta do pré-sal em governos petistas. Em seguida, disse que “eles” implementaram a PPI em 2016, algo que está “tirando dinheiro dos brasileiros”.

“O mercado é brasileiro, a reserva é brasileira, quem é dono da reserva? Cada um de nós, porque a Petrobras é estatal, é uma empresa pública”, falou. “A minoria [dos acionistas] é de investidores internacionais, que ganham uma banana de dinheiro com isso [PPI].”

A política de paridade de preço, segundo a petista, transforma o Brasil em “um paiseco exportador de commodities”.

Dilma declarou que não tem sentido Bolsonaro culpar a Petrobras pelos preços dos combustíveis. “É bom lembrar que o presidente da República nomeia toda a diretoria (…), sem exceção, e tem a maioria do conselho de administração. Ele não manda na Petrobras?”, declarou.

IMPEACHMENT

Dilma falou que “levou um golpe” porque “representava um projeto” de inclusão social no Brasil. A petista disse não ter mais pretensões eleitorais e que, por isso, pode dizer o que pensa. “Eu não quero o compromisso eleitoral porque eu quero falar as coisas que eu acredito”, falou.

A ex-presidente afirmou adorar “falar de pedalada fiscal”. Segundo ela, “havia uma certa dificuldade” para acusá-la “de corrupção ou de alguma coisa” quando era presidente. A petista afirmou estar “gastando muito” com programas sociais e educação.

“Primeiro o Tribunal de Contas questiona coisas que não tinha questionado em nenhum governo anterior”, disse. Segundo ela, existiu um “uso político das acusações” para “desestabilizar o governo” ao “criminalizar o exercício do Orçamento”.

Dilma declarou que “produziram um impeachment” por algo “que nunca tinha sido diferente” em gestões anteriores. Ela citou decisão do fim de março em que a 7ª Turma Especializada do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) extinguiu o processo contra ela, sem resolução do mérito, por danos financeiros causados pelas pedaladas fiscais.

“Eu cansei de escutar ministro do Supremo, o próprio [ex-presidente Michel] Temer dizendo que não foi bem pedalada fiscal, [o impeachment] foi porque eu não tinha apoio político”, disse a petista. “Só que não ter apoio político no Brasil não é razão para impeachment no Brasil.”

Questionada sobre questões de gênero, a petista disse não pensar que sofreu o impeachment por ser mulher. “Acho que sofri impeachment porque representava um projeto diferente para o Brasil, de inclusão social”, falou. “Agora, eu acho que o golpe utilizou profundamente da minha condição de mulher para criar o meio ambiente para me tirar do governo.”

PANDEMIA

“Quando a pandemia chegou no Brasil, a saúde pública estava desarmada”, disse Dilma. Ela citou o fim da parceria com Cuba no programa Mais Médicos, que trouxe médicos cubanos ao Brasil. Segundo ela, muitas mortes poderiam ter sido evitadas se a atenção básica não estivesse enfraquecida.

EDUCAÇÃO E RACISMO

Dilma disse ser movida por “questões sociais, raciais e de mulheres, que estão intimamente ligadas”. Ela citou que a maioria do Brasil é negra e disse ser a favor do sistema de cotas. Segundo a ex-presidente, a dificuldade no acesso à educação interessa “a elite ignorante, com uma tradição absolutamente escravocrata”.

A petista declarou ser preciso falar de racismo. “Um pobre branco no Brasil é tão lascado quanto um pobre negro”, disse, acrescentando que “a lascação” do negro é pior por conta da cor de sua pele.

Poder 360