Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina), fez um alerta gravíssimo: a situação em Gaza virou “o cemitério do direito humanitário internacional”. Ele afirma que os princípios das Convenções de Genebra, pilares do direito internacional humanitário, estão sendo ignorados e corroem-se diante dos olhos da comunidade internacional, que observa sem agir, abdicando de responder ao que deveria ser um padrão mínimo aceitável.
Lazzarini ressaltou que a fome em Gaza não é resultado de múltiplos fatores naturais, mas sim provocada pela ação humana, uma forma de terrorismo institucional. Ele destacou o aumento de casos de desnutrição aguda entre crianças nos centros de saúde da capital, que cresceram seis vezes nos últimos seis meses, além das mortes trágicas de mais de 1,5 mil pessoas que passaram mal enquanto procuravam ajuda alimentar em instalações próximas às forças israelenses.
O representante da UNRWA também chamou atenção para o impacto do corte nas doações internacionais, decorrente de campanhas de desinformação que equipararam a organização a atores extremistas. Embora alguns países tenham aumentado suas contribuições, como Espanha, Luxemburgo e Portugal, o esforço ainda está longe de compensar os prejuízos causados pelos boicotes coordenados.
Ele alerta que a situação atual em Gaza está “sendo aceita” e deve se tornar “o novo normal para conflitos futuros”. “A impunidade prevalece e há uma sensação crescente de que o direito internacional humanitário não é universal. O que está acontecendo e sendo aceito hoje em Gaza não é algo que possa ser isolado”, concluiu.
Fonte: Agência Brasil