A enfermeira Karla Katariny já sabia lidar com termos médicos e rotinas hospitalares. Mas nada a preparou para ouvir, em maio deste ano, que tinha um câncer gástrico avançado. Entre exames, internações e quimioterapia, ela percebeu que a falta de informação segura é um obstáculo a mais para quem enfrenta a doença.
“A gente vive entre exames, efeitos colaterais e o medo. A plataforma chega para organizar esse turbilhão de dúvidas, evitar que o paciente se sabote emocionalmente e dar força também para a família.”
Karla lembra que, no meio da avalanche de informações disponíveis na internet, encontrar uma fonte segura é quase um alívio terapêutico:
“Tem muita coisa errada circulando, e isso pode custar caro. Informação boa precisa ser divulgada.”
Foi para preencher essa lacuna que o oncologista clínico Kaique Almeida reuniu mais de 20 profissionais de saúde e lançou, nesta quarta-feira (13), a Cancer Talk Education, plataforma digital voltada à educação oncológica de pacientes, familiares e cuidadores. O evento aconteceu no Ateliê Roti, em João Pessoa, com presença de especialistas e convidados.
Segundo o idealizador, a iniciativa nasceu de um sonho antigo:
“Sempre quis criar algo que ultrapassasse as paredes do consultório e chegasse a quem mais precisa. Este é, para mim, o papel do médico: oferecer conhecimento, acolhimento e ferramentas para que o paciente participe ativamente da própria história.”
A ferramenta oferece um curso online dividido em sete módulos, que vão de explicações sobre tipos de câncer e tratamentos até orientações sobre saúde mental, direitos e qualidade de vida. Parte do conteúdo é gratuita mediante cadastro, e o acesso completo funciona por assinatura anual, no formato de streaming, com encontros virtuais semanais e uma comunidade interativa.
Kaique explica que a proposta vai além de transmitir informações técnicas:
“Não se trata apenas de falar sobre a doença. É sobre ajudar o paciente a entender que ele tem voz, que pode e deve fazer parte das decisões sobre o tratamento. Informação empodera, conforta e salva.”
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A hepatologista Luana Cavalcante destacou que a presença de especialistas de várias áreas é essencial:
“Isso facilita o acesso a informações de qualidade, algo que impacta diretamente no sucesso do tratamento e no apoio à família.”
Já a dermatologista Luciana Trindade ressaltou que, no ambiente digital, clareza é tão importante quanto rigor científico:
“A internet muitas vezes desorganiza a informação. Aqui, o paciente encontra conteúdo correto, explicado por quem vive essa prática todos os dias.”
A médica gastroenterologista Fong Chu Ling lembrou que o enfrentamento ao câncer começa, muitas vezes, no consultório de outras especialidades:
“Nem sempre o primeiro contato é com o oncologista. Ter essa rede conectada ajuda o paciente desde o diagnóstico.”
Para karla, iniciativas como essa ajudam a evitar o isolamento e o desgaste emocional de quem vive a doença:
“A plataforma vai ajudar a gente a não se perder no meio de tanta informação e a fortalecer também quem está ao nosso lado.”
Para Kaique, ouvir relatos como o de karla confirma que o esforço está valendo a pena:
“É por histórias como a dela que seguimos em frente. A Cancer Talk Education não é só um projeto digital, é um compromisso com vidas reais.”
A Cancer Talk Education conta com apoio de instituições como CLIONCOL, CEDAPP, Laboratório Hemato e Memorial Especialidades. Mais informações estão no Instagram oficial @cancertalk.education