Infecciosa, contagiosa e comum entre crianças pequenas, a doença mão-pé-boca é geralmente benigna e autolimitada – ou seja, regride espontaneamente, sem a necessidade de tratamento específico, praticando apenas condutas para aliviar os sintomas. No entanto, se não for devidamente acompanhada, pode evoluir para quadros mais graves.
Segundo a pediatra da Hapvida, Nícia das Mercês, trata-se de uma condição transmitida por vírus, a exemplo do Coxsackie, principal causador da doença, que provoca lesões dolorosas na boca e pequenas erupções nas mãos, nos pés e em outras partes do corpo, como nádegas e região genital. “Isso costuma dificultar a alimentação da criança, o que pode levar à recusa até à desidratação”, explica.
O contágio pode acontecer tanto por vias respiratórias quanto por contato direto com secreções, saliva, fezes ou objetos contaminados. Além disso, segundo a pediatra, o paciente pode começar a transmitir o vírus mesmo antes do aparecimento dos sintomas e continuar eliminando-o nas fezes por várias semanas.
Adultos também podem ser afetados. A médica pontua que nestes casos geralmente os sintomas são mais leves e podem passar despercebidos, mas também há relatos de quadros mais intensos, com lesões semelhantes à varicela.
Sintomas e Tratamento – Nícia aponta que os primeiros sinais da doença são febre baixa a moderada, mal-estar, dor de garganta e perda de apetite. Com a progressão da infecção, surgem lesões vesiculosas (bolhas) dolorosas na parte interna da boca e erupções na pele, que podem evoluir para pequenas bolhas. Diante dos primeiros sintomas, a recomendação é manter a criança em casa.
A doença, que dura em média de sete a dez dias, não possui tratamento específico. “Utilizamos analgésicos e antitérmicos para controlar a febre e a dor. Também é indicado oferecer alimentos mais frios e pastosos, que facilitem a deglutição, além de evitar que a criança coce as lesões”, orienta a pediatra, ressaltando que o uso de pomadas anestésicas ou qualquer outro medicamento sem prescrição médica deve ser evitado.
A higienização é outro ponto essencial durante o tratamento. É necessário lavar com frequência as mãos da criança e do cuidador – especialmente após trocas de fralda, uso do banheiro e antes das refeições –, além de limpar brinquedos e superfícies com as quais a criança tenha contato. Objetos de uso pessoal, como talheres, copos e toalhas, não devem ser compartilhados. Esses cuidados devem ser mantidos por pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas, já que o vírus continua sendo eliminado pelas fezes e secreções respiratórias mesmo após a melhora clínica.
Sobre o retorno à escola, Nícia ressalta que deve ocorrer apenas quando a criança estiver sem febre há pelo menos 24 horas, sem uso de antitérmicos, alimentando-se e se hidratando normalmente, com as lesões de pele já secas e em processo de cicatrização. “Geralmente, esse período corresponde a sete a dez dias após o início dos sintomas”, conclui.