O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou mais uma vez, nesta quinta-feira (22), que as eleições do próximo ano serão realizadas mesmo que a proposta do voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, não seja aprovada. “Quem é que vai proibir eleição no Brasil? Nós não somos república de banana”, disse em conversa com jornalistas ao chegar ao Palácio do Planalto, no início da tarde.
“Nós não estamos mais no século 20. É lógico que vai ter eleição. Quem é que vai proibir eleição no Brasil? Nós não somos república de banana”, declarou o vice de Bolsonaro.
Mourão comentou ainda a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que relatou uma ameaça do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). De acordo com o veículo, Braga Netto teria enviado um recado a Lira, por meio de emissário político, de que não haveria eleições no ano que vem se o voto impresso não fosse aprovado. O ministro nega que tenho feito a ameaça antidemocrática.
“Eu conheço Braga Netto há muito tempo e sei que ele não manda recado. Pelo que eu entendo do presidente Arthur Lira, se algo chegasse a ele dessa forma, ele reagiria de imediato e colocaria esse assunto de forma pública, e não de forma sub reptícia”, argumentou Mourão, defendendo o general Walter Braga Netto das acusações.
Questionado sobre o conteúdo vago da nota divulgada pela Defesa, Mourão disse que o ministro, em conversa particular, foi claro ao dizer que não fez ameaças.
“Tudo é uma questão de interpretação. Toda vez que a gente escreve, quando você olha pela sua óptica você diz: ‘não, eu respondi tudo aqui’ e de repente a pessoa interpreta de outra forma. Isso é o que a gente aprende desde que a gente entra na escola. Você vai fazer uma prova e o professor avisa que a interpretação faz parte da prova”, disse.
Apesar da postura em defesa das eleições, Mourão se mostrou favorável ao voto impresso e sugeriu que a urna eletrônica no Brasil é tecnologicamente defasada.
“O voto impresso, o governo defende esse debate. Eu também sou francamente a favor. Nós usamos uma urna de primeira geração. A Argentina, por exemplo, está em uma urna de terceira geração. Tudo aquilo que melhorar a capacidade de a gente ter certeza do processo eleitoral não é problema nenhum”, disse.
O voto impresso é uma das principais causas atualmente defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestam o presidente e afirmam que o sistema eleitoral no país é seguro, moderno e auditável. Na comissão da Câmara que analisa um projeto para o voto impresso, a tendência é de derrota do texto.
Da Redação com G1