Uma pesquisa do Índice de Empréstimo FinanZero (IFE) mostra que os brasileiros têm recorrido cada vez mais a instituições financeiras digitais, como fintechs, e cada vez menos aos bancos tradicionais na hora de pedir empréstimos. Entre os entrevistados, em março, que pretendiam pedir empréstimo nos próximos três meses, 67% querem recorrer a algum serviço online, enquanto 38% preferem ir à agência física.
O estudo aponta que as dívidas são o principal motivo para solicitar dinheiro no mercado, citadas por 42,5% das pessoas, seguido pela busca por injetar recursos em um negócio próprio (24%).
No Brasil, no entanto, existem verdadeiras centrais clandestinas de empréstimos consignados que já foram fechadas pelas autoridades devido a realização da prática de forma ilícita, “que se assemelha a agiotagem, ao estelionato e até a formação de quadrilha“, afirma Helder Ferrão, gerente de Marketing de Indústrias para a América Latina da Akamai Technologies.
Ele comenta que, em alguns casos, o avanço das tecnologias relacionadas às instituições financeiras é paradoxal.
“Ao passo que novas ferramentas podem surgir e transformar a rotina das pessoas, os criminosos virtuais também acompanham esse movimento e desenvolvem novas práticas maliciosas. Isso vem acontecendo com os empréstimos online, que originalmente vieram para desburocratizar a concessão de crédito e dinamizar a economia, mas acabam sendo usados para aplicar golpes em pessoas e negócios”, diz.
As propostas arriscadas de empréstimo podem chegar por diversos meios, como ligação telefônica, WhatsApp ou até mesmo anúncios físicos espalhados pela cidade.
“Ao abordarem alguém, os criminosos usam a engenharia social para oferecer condições supostamente legítimas e vantajosas, afim de convencer a pessoa. A partir daí, o golpe pode ocorrer de três formas”, explica Helder.
A primeira é por uma espécie de “depósito garantia”, onde pedem um valor adiantado para lidar com taxas e impostos e liberar o empréstimo na hora, incentivando a vítima a transferir valores, que na realidade vão para contas de terceiros.
“A segunda forma que o golpe pode acontecer é pela falsa contratação de consignado, onde utilizam os dados fornecidos pela vítima para solicitar empréstimos sem consentimento ou conhecimento no nome da pessoa. Por fim, há a terceira possibilidade, na qual o ‘atendente’ oferta uma falsa portabilidade de consignado para mudar de instituição financeira e pagar menos taxas e outros encargos. Ao aceitar e informar seus dados, é criado um novo contrato de empréstimo consignado no nome da vítima e o valor recebido desse novo empréstimo vai para a conta de um terceiro no mesmo banco”, explica.
O especialista reforça que qualquer pessoa ou instituição que ofereça empréstimos sem a regulação ou autorização necessária, como a do Banco Central (BC), está fora da lei.