O Enem 2025 registrou o vazamento antecipado de pelo menos oito questões, situação que gerou uma série de esclarecimentos por parte do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O presidente do órgão, Manoel Palacios, compareceu a uma audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para tratar do tema.

As questões foram divulgadas antes da prova em lives, apostilas e grupos de WhatsApp, conforme reportagem exclusiva do g1. Seis delas apareceram inicialmente em conteúdos preparados por um estudante de medicina do Ceará, Edcley Teixeira, que obtinha o material por meio de um esquema de pré-teste associado a concursos da Capes. A partir dessas informações, o Inep decidiu anular três questões para preservar a integridade do exame.

Esquema de pré-teste

Edcley pagava estudantes para que participassem de concursos e memorizassem as perguntas aplicadas, principalmente de exatas. Essas informações eram agrupadas em um banco de pré-testes e comercializadas em pacotes de mentoria. O esquema está sob investigação da Polícia Federal.

Ações do Inep e consequências

O Inep explicou que anulou inicialmente apenas três questões diante da falta de clareza sobre o alcance total das divulgações. Palacios afirmou que não foram encontrados itens idênticos entre as questões antecipadas e os aplicados na prova. O instituto considera que o desempenho geral dos candidatos não é afetado, já que a preparação inclui a resolução de grandes volumes de questões diversas.

Especialistas destacam que o modelo da prova, baseado na Teoria de Resposta ao Item, pode sofrer impactos se muitas questões de um mesmo nível de dificuldade forem anuladas. Entretanto, o Inep não divulgou os parâmetros psicométricos das questões por enquanto, o que impede uma análise completa sobre possíveis efeitos na precisão da avaliação.

Investigações e próximos passos

A Polícia Federal conduz as investigações para apurar as responsabilidades no vazamento das questões. O Inep afirma seguir monitorando os procedimentos para garantir a segurança e isonomia do Enem. O debate no Congresso e entre especialistas segue a respeito das medidas adotadas e da transparência no processo.