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Entenda como a Deepfake pode ampliar ataques cibernéticos e aprenda a se prevenir
01/08/2023 / 07:05
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Nos últimos anos, uma preocupante ameaça tem emergido no cenário da segurança digital:
o deepfake. Trata-se de uma tecnologia que utiliza a inteligência artificial chamada deep
learning (aprendizado profundo) para criar vídeos, áudios ou imagens falsas extremamente
convincentes, nos quais pessoas podem ser manipuladas digitalmente para parecerem
dizer ou fazer coisas que nunca fizeram. Segundo dados enviados pela Impressions,
aplicativo de deepfake, à Agência Pública, os brasileiros já são a segunda maior
nacionalidade na plataforma, com 20% do total de usuários.

Para Helder Ferrão, gerente de Marketing de Indústrias para a América Latina da Akamai
Technologies, essa capacidade de manipulação de mídia tem implicações profundas na
segurança digital e requer uma resposta eficaz dos especialistas em cibersegurança. “O
recente caso da imagem do pentágono pegando fogo que viralizou na internet e influenciou
a queda das ações na bolsa de valores dos Estados Unidos, ou o comercial da Volkswagen
que trouxe vida à Elis Regina cantando com Maria Rita, sua filha, são exemplos notórios do
impacto dessa técnica. Nesse sentido, é preciso olhar com atenção para o avanço da
inteligência artificial no que tange à cibersegurança.”

Como o deepfake ameaça a segurança digital

O deepfake é uma técnica que combina inteligência artificial avançada com aprendizado de
máquina para criar vídeos falsos que parecem autênticos. Essa tecnologia usa algoritmos
para analisar e sintetizar milhares de imagens e vídeos existentes de uma pessoa-alvo,
possibilitando a criação de vídeos falsificados que podem enganar até mesmo os mais
treinados olhos.

A inteligência artificial aprende características a partir de mídias existentes e utiliza esses
dados para gerar conteúdo manipulado. Embora programas rápidos e fáceis de usar
possam criar deepfakes de baixa qualidade, os mais convincentes requerem softwares de
edição e equipamentos sofisticados.

As implicações do deepfake na segurança digital são vastas e preocupantes, aponta o
gerente da Akamai. Uma das principais consequências é o aumento do risco de ataques de
phishing e engenharia social. “Com vídeos deepfake convincentes, os criminosos podem
criar situações em que parecem ser pessoas confiáveis, como CEOs, funcionários de
instituições financeiras ou até mesmo amigos e familiares, enganando as vítimas e obtendo
acesso a informações confidenciais. Além disso, a reputação e a confiança das pessoas,
empresas e instituições também estão em jogo.”

A disseminação de vídeos deepfake pode levar a danos irreparáveis à imagem de uma
pessoa ou organização, afetando relacionamentos, carreiras e até mesmo a estabilidade
social. Políticos, celebridades, figuras públicas e pessoas comuns correm o risco de serem alvos de manipulações maliciosas, o que pode ter um impacto significativo em sua
credibilidade e relacionamentos.

O papel da IA na cibersegurança

Com o avanço da tecnologia, identificar deepfakes tornou-se mais desafiador, no entanto,
nem tudo está perdido. Assim como o deepfake utiliza inteligência artificial para criar vídeos falsos, a cibersegurança pode se valer da mesma tecnologia para combater essa ameaça. A inteligência artificial pode ser usada para desenvolver sistemas de detecção de deepfakes mais avançados e eficazes.

Ferrão explica que os algoritmos de aprendizado de máquina podem ser treinados para
identificar anomalias nos vídeos, como imperfeições nos movimentos faciais, alterações
sutis no tom de pele ou distorções na voz. Essas técnicas podem ajudar a diferenciar vídeos autênticos de deepfakes e alertar os usuários sobre possíveis ameaças.

A tecnologia do deepfake apresenta um desafio significativo para a segurança digital, mas
também oferece oportunidades para o desenvolvimento de soluções avançadas. “A
cibersegurança deve se apoiar na inteligência artificial para aprimorar suas defesas contra a
disseminação de deepfakes e proteger os indivíduos, as organizações e a sociedade como
um todo. É necessário um esforço conjunto para combater essa ameaça em constante
evolução, garantindo um ambiente digital mais seguro e confiável para todos”, aponta o
gerente da Akamai.

Detecção e prevenção de deefakes

Anormalidades ainda são comuns nas imagens geradas por IA, como detalhes estranhos
nas orelhas, mãos, olhos e cabelos, principalmente em deepfakes que envolvem pessoas
inexistentes. Porém, além da identificação, é crucial adotar medidas preventivas para evitar
ataques cibernéticos com o uso dessa tecnologia.

Ferrão explica que para combater a ameaça dos deepfakes, é essencial fortalecer a
educação e a conscientização em relação a elas. “É importante sempre verificar as fontes
das imagens e vídeos antes de compartilhá-los ou tomar decisões baseadas neles, usando
ferramentas de pesquisa reversa, por exemplo. Uma boa prática é consultar de sites de
notícias confiáveis e organizações de verificação de fatos em casos que envolvam figuras
públicas ou políticos para validar a autenticidade do conteúdo”, comenta o gerente da
Akamai.

Investir em tecnologia de detecção de deepfakes também é fundamental para identificar
conteúdo falso e prevenir danos significativos. Reforçar a segurança cibernética e manter
sistemas e dispositivos atualizados com medidas robustas de segurança é outra estratégia
importante para prevenir ataques cibernéticos destinados a manipular informações.

“Ao adotar essas práticas, indivíduos e empresas podem se proteger melhor contra os
perigos do deepfake e minimizar os danos potenciais causados por ataques cibernéticos
com essa tecnologia. A vigilância constante e a colaboração com especialistas em segurança cibernética são essenciais para garantir a integridade das informações
compartilhadas e evitar disseminação de conteúdo falso.”, finaliza Ferrão.