A deputada federal Erika Hilton (PSOL) considerou uma “transfobia de estado e um incidente diplomático” os Estados Unidos terem concedido um visto de entrada no país considerando seu gênero como masculino.
Em entrevista ao Estudio i, da GloboNews, a deputada disse que vai acionar tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) quanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que seja dada uma resposta política sobre o caso.
“Isso é estarrecedor. É uma transfobia de estado e um incidente diplomático, na minha análise, quando o governo americano acha que pode violar os meus direitos enquanto cidadã brasileira. O meu registro civil me reconhece como mulher, meus documentos me reconhecem enquanto mulher”, afirmou a deputada.
Erika disse que teve seus direitos violados porque “a embaixada americana se sentiu autorizada a seguir uma concepção da mente do presidente dos Estados Unidos”, Donald Trump. “É uma violação dos meus direitos e dos direitos das pessoas trans.”
“É uma violação da jurisprudência do Brasil e uma interferência direta dos Estados Unidos na nossa documentação.”
À TV Globo, a embaixada dos EUA disse que “é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”.
“A embaixada dos Estados Unidos informa que os registros de visto são confidenciais conforme a lei americana e, por política, não comentamos casos individuais. Ressaltamos também que, de acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento.”
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Erika Hilton foi convidada a participar do evento Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, que aconteceu nesta semana em Cambridge. Sua participação foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados como missão oficial da parlamentar nos EUA.
Neste tipo de viagem oficial, a Câmara solicita o visto de seus representantes diretamente à embaixada do país a ser visitado. Segundo a equipe da parlamentar, o trâmite, que deveria ser simples e protocolar, foi truncado desde o início, após novas diretrizes do governo americano.
A equipe teria sido orientada, por telefone, a solicitar um visto de turista. Após novos esclarecimentos, o visto foi concedido reconhecendo o status oficial da viagem.
No entanto, a emissão do documento no dia 3 de abril veio com a informação de que a deputada seria do sexo masculino. Segundo Erika, em nenhum momento ela preencheu documentação com tal informação. A mudança no visto é reflexo de ordem assinada por Trump no 1º dia de mandato.
Segundo reportagem do portal g1, diante da situação, a deputada se recusou a utilizar o documento e não foi ao evento para o qual havia sido convidada.