O Ministério da Saúde emitiu neste mês de fevereiro uma nota técnica que tornou universal para todas as gestantes a suplementação de cálcio durante a gravidez. A medida é uma estratégia para prevenir a pré-eclâmpsia, uma das principais causas de morte materna no Brasil.

A pré-eclâmpsia é uma doença caracterizada pelo aumento da pressão arterial da gestante e pelo excesso de proteína na urina. Entre os principais sintomas, além da hipertensão, inchaço no rosto e nas mãos, ganho de peso de 1kg ou mais em uma semana, dificuldade em respirar, dor na parte superior direita do abdômen, entre outros. O documento do MS foi elaborado com base em informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018), mais de 96% das mulheres adultas no Brasil consomem menos cálcio do que o necessário.

O médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana pelo Hospital Sírio Libanês, Guilherme Carvalho (CRM/PB 7011), explica como deve ocorrer essa suplementação nas gestantes e como ela é essencial na prevenção dessa doença, infelizmente tão comum nas gestações das brasileiras. “Todas as gestantes, a partir de 12 semanas de gravidez precisam fazer a suplementação do cálcio. O ideal é que seja um comprimido de 500mg a cada 12 horas. Essa ingestão deve ser feita até a 36ª semana e é essencial que as mães não a negligenciem. Acompanho há alguns anos as pesquisas a respeito da importância do cálcio durante a gestação. Algo tão simples e que, se feito diariamente, pode reduzir até 55% o risco de pré-eclâmpsia. Tanto que a orientação do Ministério da Saúde é voltada para todas as gestantes, independente de serem consideradas fator de risco para a doença ou não”, destacou.

O documento divulgado pelo Ministério da Saúde também alerta para alguns cuidados na administração do suplemento de cálcio. Por exemplo, ele não deve ser ingerido junto com suplementação de ferro. É preciso um intervalo de duas horas entre os suplementos para garantir a absorção adequada de cada um. O médico lembra a importância do pré-natal e da suplementação de outros nutrientes durante a gestação. “É por meio de um bom pré-natal que uma série de complicações, como a pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, o parto prematuro, podem ser evitadas. Não dá para negligenciar o acompanhamento do cálcio, que previne contra o aumento da pressão arterial na gravidez, mas também não podemos esquecer do ferro, que é responsável por prevenir contra anemia, parto prematuro; da vitamina D, por sua vez, auxilia na absorção do próprio cálcio, por exemplo. Esses e todos os outros nutrientes precisam ser devidamente monitorados durante a gravidez. Sempre reforço essa importância nas minhas aulas e no acompanhamento das pacientes”, reforçou.

Serviço – A distribuição do suplemento de cálcio será feita dentro do planejamento da assistência farmacêutica do SUS, sendo de responsabilidade compartilhada entre estados e municípios. A implementação será acompanhada pelas equipes da Atenção Primária à Saúde (APS), que deverá assegurar que as gestantes tenham acesso ao suplemento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Mais sobre Guilherme Carvalho – Médico formado pela Universidade de Pernambuco (UPE), atua há mais de 15 anos na Paraíba. Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e presidente do Instituto Paraibano de Ensino em Ginecologia e Obstetrícia – IPEGO. Possui residências médicas em Reprodução Humana e Ginecologia e Obstetrícia pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP. Também tem pós-graduação em Reprodução Humana pelo Hospital Sírio Libanês, referência nacional na área da saúde. Nutrólogo, se destaca pelo atendimento humanizado e ampliado no tratamento feminino, sendo coordenador do Instituto de Saúde Integrada da Mulher (Instituto Sim).

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