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Estocagem de gás exige mais infraestrutura e regulações para destravar investimentos bilionários no Brasil
16/07/2025 / 18:09
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Congresso Energia 360 Alagoas – Foto: Divulgação

O Brasil pode movimentar bilhões de reais em investimentos no setor de gás natural, mas enfrenta um gargalo estratégico: a ausência de infraestrutura adequada para estocagem subterrânea, ferramenta essencial para garantir segurança energética, estabilidade de oferta e competitividade no mercado.

Esse foi o principal alerta feito durante o painel “Flexibilidade para o Aumento da Oferta e Competitividade” no Congresso Energia 360 Alagoas, promovido pela Origem Energia, em Maceió. O debate reuniu autoridades regulatórias e lideranças empresariais, que defenderam a criação de um marco operacional sólido para a estocagem no Brasil, um movimento considerado essencial para destravar a transição energética e ampliar o dinamismo econômico nacional.

A estocagem como solução para um mercado rígido

A diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Symone Araújo, destacou que o projeto de estocagem em desenvolvimento pela Origem Energia e pela TAG é a primeira experiência regulatória do gênero no país, e ressaltou que a agência reguladora realiza uma abordagem inovadora e multissetorial.

“É uma experiência inédita, que mobiliza várias áreas técnicas da ANP, desenvolvimento e produção, segurança operacional, infraestrutura, regulação e defesa da concorrência. A operação de poços de injeção, retirada e monitoramento exige um regime diferente do que se aplica à produção convencional de gás”, explicou.

Symone Araújo, diretora da ANP – Foto: Divulgação

Symone detalhou que o acesso à estocagem, desde o início da operação, será livre, transparente e negociado entre os agentes, com mediação da ANP quando necessário. “É uma infraestrutura essencial que não pode servir para concentrar poder ou criar barreiras de entrada no mercado. A proposta garante isonomia e flexibilidade.”

Falta de infraestrutura freia expansão do setor

O CEO da TAG (Transportadora Associada de Gás S.A.), Tomaz Guardagnin, apontou que o Brasil precisa urgentemente superar gargalos estruturais para avançar em segurança energética. Mesmo com uma malha de transporte extensa,  com cerca de 4,5 mil quilômetros que é a extensão do que atende a TAG, o país ainda sofre com restrições de fluxo, falta de interconexões e de instrumentos modernos de negociação e redistribuição de gás.

“Quando falamos de flexibilidade e resiliência, não basta estocar. É preciso resolver o sistema como um todo, remover gargalos, melhorar os fluxos e criar mecanismos como linepacking, zeramento de posições e plataformas eletrônicas de gás”, afirmou.

Segundo ele, países como Estados Unidos e Europa utilizam estocagem há mais de 70 anos, o que os torna mais preparados para lidar com oscilações de mercado, crises geopolíticas e picos de consumo.

Estocagem é motor de liquidez e dinamismo econômico

Para o diretor de estocagem da Origem Energia, Anderson Bastos, o modelo desenvolvido em parceria com a TAG é um passo essencial para modernizar o mercado brasileiro. Ele destacou que o contrato adotado traz flexibilidade para negociações ágeis de curto e longo prazo, o que estimula liquidez e atratividade comercial.

“A estocagem é uma ferramenta essencial na gestão de portfólios de gás. Em mercados maduros, ela é integrada aos mecanismos de comercialização. O Brasil precisa avançar nisso para ter mais competitividade e previsibilidade. Esse projeto coloca o país no caminho certo”, declarou.

Anderson Bastos, diretor de estocagem da Origem Energia – Foto: Divulgação

Bastos também ressaltou que a liquidez do mercado é condição básica para o desenvolvimento econômico, e que o armazenamento de gás garante estabilidade tanto para produtores quanto para consumidores, reduzindo riscos e facilitando decisões de investimento.

Desenvolvimento e segurança energética andam juntos

O painel evidenciou um consenso: sem infraestrutura de estocagem e transporte, o Brasil não conseguirá cumprir seus objetivos de transição energética nem atrair investidores de forma sólida.

Além da questão regulatória, os especialistas reforçaram a importância da integração entre políticas públicas, operadores e transportadoras para acelerar a implementação desses projetos, que representam não apenas estabilidade energética, mas também desenvolvimento industrial, geração de empregos e crescimento regional.

“A estocagem é uma peça-chave para o futuro do setor energético brasileiro. Sem ela, a matriz perde resiliência, o mercado perde competitividade e a economia nacional perde agilidade”, concluiu Symone Araújo.

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