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Estudo da USP aponta ligação entre adoçantes artificiais e declínio cognitivo
08/09/2025 / 15:11
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Pesquisa da USP acompanhou mais de 12 mil pessoas por oito anos e encontrou associação entre consumo de adoçantes e perdas cognitivas – Foto: Unsplash

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) sugere que o consumo regular de adoçantes artificiais pode acelerar o declínio cognitivo, afetando especialmente a memória e a fluência verbal. Os resultados foram publicados na revista científica Neurology e são considerados um dos levantamentos mais amplos já realizados sobre o tema.

A pesquisa acompanhou mais de 12 mil participantes ao longo de oito anos. Entre os voluntários que relataram maior consumo de adoçantes como aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, sorbitol e xilitol, a taxa de declínio cognitivo global foi 62% maior em comparação aos que consumiam menos. A exceção foi a tagatose, que não apresentou associação com perdas cognitivas.

Segundo a coordenadora do estudo, a médica geriatra Claudia Suemoto, os dados indicam que o uso desses adoçantes pode acelerar a perda natural da cognição que ocorre com o envelhecimento. Apesar disso, a pesquisadora destaca que ainda são necessárias novas análises e ensaios clínicos para confirmar a relação direta.

O levantamento utilizou dados do Elsa Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que reúne informações de milhares de brasileiros com mais de 35 anos. Entre os resultados, os maiores consumidores de adoçantes apresentaram taxas até 173% mais altas de declínio na fluência verbal e 32% maiores na memória.

Especialistas ressaltam que, embora o estudo tenha limitações – como o fato de a sucralose não ter sido incluída e os dados de consumo serem autorrelatados – os achados reforçam a necessidade de repensar o uso desses produtos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia recomendado em 2023 que adoçantes não sejam utilizados como estratégia para controle de peso ou prevenção de doenças crônicas.

Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) – instituição que representa a indústria de adoçantes no Brasil – informou que acompanha com atenção a publicação do estudo divulgado na revista Neurology.

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