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Estudo identifica melhor desempenho cognitivo em pessoas que dormem mais tarde; ENTENDA
12/07/2024 / 16:15
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Você faz mais o estilo “coruja”, fica trabalhando até tarde da noite, ou acorda com as galinhas, bem cedo para aproveitar o dia? Você pode até achar que é uma preferência, um hábito ou, simplesmente, seu jeito de ser, mas esse “estilo” é o seu “cronotipo”.

E um estudo, publicado nesta quinta-feira (11/07), na revista de saúde pública BMJ, sugere que seu cronotipo pode afetar nossas habilidades cognitivas gerais. A pesquisa constatou que as pessoas vespertinas geralmente apresentam pontuações cognitivas mais altas do que as diurnas.

O estudo, feito no Reino Unido, realizou vários testes cognitivos e analisou dados de mais de 26.000 pessoas.

O objetivo era descobrir como os diferentes aspectos do sono, incluindo duração, padrões e qualidade, afetam o estímulo mental e a capacidade cognitiva geral.

O QUE O ESTUDO DA “CORUJA” DESCOBRIU

A pesquisa confirmou o que já escutamos desde sempre, que dormir entre 7 e 9 horas por noite é o ideal para a função cerebral. O estudo também identificou que o cronotipo de uma pessoa afeta a pontuação dela em testes cognitivos.

“Os adultos naturalmente mais ativos à noite tendem a ter um desempenho melhor nos testes cognitivos do que os matutinos'”, disse a autora principal do estudo, Raha West, do Imperial College London, Reino Unido, em um comunicado à imprensa. “Em vez de serem apenas preferências pessoais, esses cronotipos podem afetar nossa função cognitiva.”

Mas isso não significa que todas as pessoas matutinas tenham um desempenho cognitivo pior. “Os resultados refletem uma tendência geral em que a maioria pode se inclinar para uma melhor cognição dos tipos vespertinos”, disse West.

Além disso, nosso cronotipo não é imutável —você pode se adaptar e ter uma boa noite de sono também pode melhorar seu desempenho cognitivo.

A CIÊNCIA DOS CRONOTIPOS DO SONO

Os cronotipos não são permanentes —eles podem mudar ao longo de nossa vida.

“As crianças tendem a ser do tipo matutino, os adolescentes e adultos jovens mudam para o tipo vespertino e os adultos mais velhos geralmente voltam a ser do tipo matutino”, disse Feifei Wang, especialista em sono da Universidade Eötvös Loránd em Budapeste, Hungria.

Mas Wang conta que há evidências claras de que nossas preferências por horários de sono e atividade são persistentes, mesmo quando mudamos de fuso horário.

“Uma combinação de fatores genéticos, hormonais, ambientais e de estilo de vida determina se uma pessoa é mais ativa de manhã ou à noite, e esses fatores interagem para moldar o cronotipo de um indivíduo”, diz Wang, que não participou do novo estudo.

Os cronotipos estão parcialmente relacionados a diferenças em nossos ritmos circadianos —o relógio biológico do corpo, que executa funções essenciais, como o sono e o metabolismo.

Os genes envolvidos no ritmo circadiano de uma pessoa incluem os genes chamados “Clock”, “PER” e “CRY”. Eles têm um forte impacto sobre o cronotipo. Eles “influenciam o fato de uma pessoa ser do tipo matutino ou vespertino”, explica Wang à DW.

Mas você pode se treinar para ser do tipo matutino, intermediário ou vespertino.

“Mostramos que estudantes de graduação podem melhorar seu cronotipo em quase duas horas em dois anos”, explica Ignacio Estevan, especialista em sono da Universidade de Montevidéu, Uruguai. Estevan também não participou do atual estudo.

ESTUDAR VIRANDO A NOITE REDUZ O DESEMPENHO EM TESTES ACADÊMICOS

Estevan pesquisou a associação entre cronotipos e notas escolares. Ele descobriu que o desempenho em testes de alunos vespertinos e matutinos depende de quando, durante o dia, eles são testados para o estudo.

“Descobrimos que os cronotipos vespertinos têm um desempenho acadêmico pior em comparação com os cronotipos matutinos, se fizerem testes no turno da manhã, e não no turno da tarde”, explica Estevan à DW, acrescentando que a pesquisa dele contribuiu para um conjunto de evidências que mostram que os horários de início das aulas têm impacto sobre o desempenho acadêmico das crianças.

Alguns especialistas argumentam que um melhor alinhamento entre o horário escolar e os ritmos biológicos dos alunos aumentaria suas oportunidades mais tarde na vida.

Em última análise, Estevan conclui que o desempenho cognitivo e nos testes depende de um sono de boa qualidade. Estudos tendem a mostrar que as pessoas que dormem mais tempo têm melhor desempenho nos testes.

Estevan diz que isso pode ser explicado pela importância do sono para o aprendizado e o bom funcionamento cognitivo. Sua pesquisa descobriu que virar uma noite para revisar a matéria de última hora tem um efeito negativo nas notas dos testes.

“Cerca de 15% dos alunos em nosso estudo não dormiram antes do teste e tiveram o pior desempenho”, diz Estevan.

Então, como podemos ter uma boa noite de sono? Wang recomenda: “manter uma programação regular de sono, ter um ambiente escuro e silencioso para dormir, tentar relaxar, não consumir cafeína ou estimulantes após o anoitecer e reduzir a exposição à luz de noite, principalmente antes de dormir”.

*Com Folha de São Paulo e Deutsche Welle