Pesquisadores identificaram indícios de que civilizações antigas na China e no Sudeste Asiático já realizavam rituais de mumificação milhares de anos antes dos egípcios e chilenos. O estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, aponta que os corpos eram secos por meio de fumaça — prática que pode ter mais de 10 mil anos.
A análise envolveu 54 sepultamentos em 11 locais da região, abrangendo China, Vietnã, Filipinas, Laos, Tailândia, Malásia e Indonésia. Os esqueletos estavam em posição agachada, com braços e pernas presos, e apresentavam marcas de queimadura em partes específicas do corpo. Exames mostraram sinais de longa exposição à fumaça e ao calor leve, diferentes do que ocorre em cremações.
Os cientistas concluíram que os mortos eram atados em posição hiperflexionada e suspensos sobre fogo brando por semanas ou meses, em ambiente coberto. Depois, as múmias podiam ser mantidas em casas antes do sepultamento final. Esse ritual permitia, segundo crenças locais, que os espíritos circulassem durante o dia e retornassem ao corpo à noite.
A prática se mostra semelhante a tradições ainda preservadas por comunidades de Papua, na Indonésia, onde múmias fumegadas seguem guardadas em casas e exibidas em ocasiões especiais. Para os pesquisadores, a descoberta revela não apenas uma técnica eficaz de preservação em clima tropical, mas também a dimensão cultural do desejo humano de manter os entes queridos próximos.
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*com informações do g1