João Pessoa 26.13ºC
Campina Grande 22.9ºC
Patos 26.99ºC
IBOVESPA 127698.32
Euro 6.0938
Dólar 5.749
Peso 0.0058
Yuan 0.7949
EUA dizem que Bolsonaro ‘foi construtivo’, mas credibilidade se apoiará ‘em planos sólidos’
22/04/2021 / 16:02
Compartilhe:

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O discurso de Jair Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima, nesta quinta-feira (22), foi visto como “positivo” e “construtivo” pelo governo americano, mas auxiliares de Joe Biden dizem que a credibilidade do presidente brasileiro se apoiará em “planos sólidos.”

“O presidente Bolsonaro deu um tom positivo e construtivo no seu discurso na cúpula”, disse um porta-voz do Departamento de Estado americano, ressaltando que é “justo” perguntar como os países vão atingir objetivos tão ambiciosos. “Nossa credibilidade se apoiará em planos sólidos, na execução do trabalho e em um foco implacável nos resultados.”

Durante sua apresentação na cúpula, Bolsonaro fez uma fala que causou no mínimo estranhamento para quem observa a política ambiental considerada negligente de seu governo. O presidente brasileiro afirmou ter determinado a duplicação dos recursos destinados às ações de fiscalização ambiental no Brasil, comprometeu-se a alcançar a neutralidade climática até 2050 -dez anos antes da meta estabelecida anteriormente- e repetiu a promessa de acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

Os americanos ainda cobram, nos bastidores, que o discurso seja refletido em ações práticas e que resultados tangíveis sejam vistos ainda neste ano, mas celebraram o que consideram uma moderação ao menos retórica do brasileiro.

“Alcançar a neutralidade de carbono até 2050, dez anos antes do compromisso anterior e sem pré-condições, é significativo, assim como seu compromisso de dobrar os fundos disponíveis para fiscalização, um passo crucial para eliminar o desmatamento ilegal até 2030”, disse o porta-voz do Departamento de Estado.

A visão otimista é vantajosa para Biden, que tenta se consolidar como líder na reconfiguração da geopolítica mundial, ditada pelo clima, em que o Brasil é um personagem-chave.

Conseguir um comprometimento de Bolsonaro era considerado pela Casa Branca uma vitória, apesar de os americanos esperarem um cronograma mais detalhado sobre como o Brasil vai atingir suas metas, o que não apareceu no discurso elaborado no Planalto.

Orientado pela ala mais moderada do Itamaraty, o presidente brasileiro não deixou de pedir dinheiro aos países estrangeiros para ajudar na proteção das florestas, mas não exigiu recursos antecipados, como queria o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), o que também foi visto de forma positiva pelos americanos.

Diplomatas do governo Biden não gostavam da postura considerada chantagista do ministro, que chegou a pedir US$ 1 bilhão para se comprometer com a redução de até 40% do desmate da Amazônia no próximo ano.

Após a fala de Bolsonaro, os americanos disseram que “alcançar metas ambiciosas requer recursos” e que “os EUA estão comprometidos com a parceria com os brasileiros nesses esforços.”

“Esperamos continuar trabalhando junto com o Brasil para expandir nosso diálogo e cooperação, com base em nossas décadas de cooperação em desafios ambientais compartilhados”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado.

“Estamos satisfeitos que o presidente Bolsonaro tenha reconhecido o importante papel do setor privado em nos ajudar a encontrar soluções. Concordamos com sua ênfase no envolvimento necessário dos povos indígenas e comunidades tradicionais na proteção das florestas em pé e da biodiversidade, e com seu reconhecimento do importante papel do setor privado em nos ajudar a encontrar soluções”, completou.