KARINA MATIAS – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Desde que saiu do Big Brother Brasil 21, o professor João Luiz Pedrosa, 24, tem encarado uma série de mudanças. “É muito louco. A minha vida mudou completamente”, diz.
Para começar, ele trocou a pacata cidade de Extrema, no sul de Minas Gerais e com cerca de 30 mil habitantes, pela cosmopolita capital paulista, que tem mais de 11 milhões de moradores. Veio com toda a família: o namorado, Igor Moreira, as duas chinchilas e a calopsita que já viviam com o casal.
Trocou também as salas de aula pela carreira artística. Mas continuará atuando na área que o encanta: educação. Contratado pelo Grupo Globo, João Luiz apresenta atualmente o Trace Trends, exibido no Multishow e no Globoplay, e vai estrear em setembro o programa Entrevista, do canal Futura -e que também estará disponível na plataforma de streaming.
No Trace Trends, ele comanda quadro em que mostra histórias, projetos e iniciativas desenvolvidas por jovens das diversas periferias do país nas áreas de educação e ciência.
Já o Entrevista terá como tema principal o centenário de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, que criou método pioneiro de alfabetização de adultos e se tornou uma referência do Brasil no exterior.
“A minha paixão por dar aula está agora nesses espaços”, afirma. Mesmo antes de entrar no BBB, ele conta que muitas pessoas já falavam que ele levava jeito para ser apresentador.
João Luiz também escreve o seu primeiro livro, que será sobre geografia, disciplina da qual foi professor. A obra deve ser lançada em novembro deste ano pela editora HarperCollins. “Estou muito feliz com esse novo momento na minha vida. Era um sonho que eu tinha e que começa a ser estruturado”, afirma.
Para o ex-BBB, por mais que possa parecer clichê, a educação é a base de tudo. Até mesmo para que as pessoas saibam usar melhor as inúmeras possibilidades e ferramentas oferecidas pela internet, sem caírem em fakes news ou realizando ataques e praticando ofensas.
“Falta a gente educar a população para as pessoas terem a compreensão que realmente do outro lado existe um ser humano”, destaca.
Recentemente, no Twitter, o professor desabafou: “caraca, não importa o que eu faça, as pessoas sempre tentam me diminuir… Estou trabalhando pra caramba, acabei de estrear um programa e em setembro sai outro… E tem gente falando que eu não tenho conteúdo, que eu sou isso, sou aquilo… Que saco!”
Questionado sobre o assunto, João diz que é muito tranquilo em lidar com os haters, porque está psicologicamente bem -ele afirma ser um entusiasta da terapia. “Se eu não estivesse psicologicamente bem, a quantidade de mensagens que eu recebo, talvez, eu não conseguiria lidar da mesma forma.”
O ex-BBB faz questão de diferenciar o que é hate do que é racismo. Afirma, por exemplo, não se incomodar se alguém diz que não gosta dele ou que ele é chato. “Mas tem muita gente que manda mensagens que são injúrias raciais pesadas. O que muitas pessoas fazem é crime, a gente precisa nomear muito bem essas coisas, fazer essa distinção”, reforça.
“Você não gosta de mim, tudo bem, mas não me venha com o seu racismo, porque aí é outra coisa”, salienta. O professor foi alvo de racismo dentro do Big Brother Brasil em um episódio que já entrou para a história do reality, quando o cantor Rodolffo Matthaus, 32, comparou o cabelo black power dele com a peruca de uma fantasia. O episódio suscitou uma série de debates fora da casa.
Sobre a sua experiência no BBB, João Luiz diz que não faria nada de diferente. Pondera também que não existe uma fórmula para ser campeão, já que toda a dinâmica do programa muda conforme as outras pessoas que estão na casa e de acordo com a própria situação do país e do mundo. “Não tem como dimensionar tudo isso”, destaca.
Durante os três meses que ficou no Big Brother -ele foi eliminado faltando 12 dias para a final- o professor fez uma grande amizade com a influenciadora Camilla de Lucas. Os dois foram chamados até de irmãos gêmeos pela forte conexão que tiveram. A amizade, diz ele, segue firme.
“A gente só não acorda, dorme e faz tudo junto, mas a gente se fala sempre, sempre, sempre”, afirma, acrescentando que mantém também conversas constantes com outros brothers como Carla Diaz e Gil do Vigor.
Participaria de outro reality? “Com certeza”. Até mesmo o No Limite? “Iria sim, seria uma experiência muito diferente do meu habitual”, responde.
Os planos para oficializar o casamento com Igor em uma celebração seguem de pé, mas João Luiz afirma que o casal vai esperar a pandemia passar. Indagado sobre filhos, ele diz que no momento não pensa nisso. “Mas para planos futuros, talvez sim. Não descarto a possibilidade.”
LACUNA EDUCACIONAL
Para João Luiz, o cenário da escola na pandemia é “assustador”. “Eu vejo futuramente uma lacuna educacional muito grande, por que estou dizendo isso? Porque nem todos os estudantes se adaptaram à modalidade home office e às aulas a distância.”
Também afirma se preocupar em como vai ser recuperar a escola como um espaço de vivência educacional. Na avaliação do professor, novos caminhos precisam ser pensados e, para isso, é fundamental pensar em políticas públicas.
“O principal foco para a valorização da educação mesmo é termos políticas públicas que vão desde o salário do professor até a estrutura escolar e o oferecimento de acesso a internet às crianças e adolescentes”, destaca.
João Luiz ressaltou que está muito feliz em poder fazer parte e ampliar a discussão sobre o tema com os seus novos programas. É uma forma de levar luz em um momento em que há uma onda negacionista no país e no mundo. “Quando a gente vê teorias terraplanistas ou gente falando que não vai se vacinar. Gente! Isso é negar anos de pesquisa”, indigna-se.