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Expectativa é que 5G aumente o PIB e ajude a reduzir pobreza no país
30/04/2021 / 08:13
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JULIO WIZIACK

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A implementação da telefonia de quinta geração vai ajudar o país a cumprir as metas pactuadas na ONU. Com a promessa de revolucionar a economia, o 5G pode fazer o PIB do Brasil crescer cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,5 trilhões) a mais até 2035.

A estimativa é da consultoria especializada Omdia em estudo para a Nokia, um dos principais fornecedores de equipamentos de rede 5G.

Por setores, esse aumento do PIB deve ser maior nas áreas de tecnologia (US$ 241 bilhões a mais), governo (US$ 189 bi), manufatura (US$ 181 bi), serviços (US$ 152 bi), varejo (US$ 88 bi), agricultura (US$ 77 bi) e mineração (US$ 48,6 bi).

Estimular o crescimento é a chave para erradicar a pobreza e a fome, além de reduzir desigualdades sociais, principais objetivos da Agenda 2030.

A ideia do governo é maximizar os investimentos exigidos pelo 5G para levar o país a um novo patamar de desenvolvimento, especialmente nas áreas mais pobres.

A expectativa é que o leilão das licenças ocorra ainda no primeiro semestre deste ano, para que as operadoras vencedoras deem início à construção de suas redes.

Nas obrigações definidas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as teles deverão oferecer planos comerciais nas capitais no segundo semestre de 2022 e em todo o território nacional em meados de 2029.

Para isso, as operadoras terão de investir cerca de R$ 33 bilhões na construção da infraestrutura e na ampliação da rede 4G, que chegará a cerca de 1.400 localidades hoje desassistidas de qualquer serviço de telefonia, diz a Anatel.

Segundo cálculos feitos pelo Banco Mundial, um aumento de 10% na oferta de conexões (móveis ou fixas) é capaz de ampliar em 1,2% o PIB da localidade beneficiada.

“As contrapartidas permitirão levar conectividade a diversas localidades do país, iluminando os desertos digitais ainda existentes”, diz Marcos Ferrari, presidente da Conéxis, associação que representa as operadoras de telefonia.

Um estudo recente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre os impactos da telefonia móvel nos compromissos da Agenda 2030 mostra que um acréscimo de 10% do investimento total das operadoras gera efeitos indiretos capazes de retirar da pobreza 360 mil pessoas por ano ou impedir que 375 mil passem fome.

De acordo com o estudo, políticas públicas voltadas à oferta de conectividade permitem que a parcela mais vulnerável consiga trabalho, tenha acesso a microcréditos, gere renda e ascenda profissionalmente.

É o que mostram experiências de países como Índia e Bangladesh, onde houve combinação de esforços privados (fabricantes de telefone lançaram modelos específicos de baixo custo) e governamentais (destinação de verbas para garantir o acesso).

Foi esse conceito que norteou a nova política da Caixa Econômica Federal que, ao lançar um aplicativo para pagamento do auxílio emergencial aos prejudicados pela pandemia, acabou criando um banco digital para os mais pobres.

Hoje, o aplicativo conta com mais de 107 milhões de cadastrados (com contas bancárias abertas) e a Caixa só aguarda aval do Banco Central para lançar esse novo banco, totalmente digital. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, um dos produtos será o microcrédito.

Pelo estudo do BID, quanto maior o investimento das operadoras em tecnologia, maior é o efeito de aumento de renda na população. Cada 1% a mais nesse dispêndio provoca uma alta de 0,0027 ponto percentual, em média, na renda dos 20% mais carentes.

Em média, as teles ampliam em cerca de 10% seu investimento total por ano. Com a nova rodada de desembolsos com o 5G, essa média terá um incremento de cerca de R$ 3 bilhões a mais, sem contar os dispêndios com melhorias na rede já instalada.

A tecnologia estimula o surgimento de novas formas de prestação de serviço. As redes 3G e 4G tornaram possíveis o surgimento de aplicativos como Uber e iFood, que dão trabalho a motoristas e entregadores ao redor do mundo.

Ao menos três metas definidas pela Agenda 2030 serão atendidas diretamente pelo edital do 5G, afirma Carlos Baigorri, conselheiro da Anatel que relatou o processo com as regras do leilão.

“No campo da economia [objetivo 8], o 5G deve ser a alavanca para o próximo ciclo econômico, pois será a plataforma para diversas inovações na indústria, no campo, na mobilidade das pessoas.”

Ainda segundo ele, dois outros objetivos (inovação tecnológica e mobilidade nas cidades) também estão contemplados pelo edital que obriga a implantação do 4G em todas as localidades do país hoje sem serviço.

“Além de reforçar a rede já existente, as empresas vencedoras do leilão terão de implantar uma rede 5G totalmente nova e no padrão tecnológico mais avançado em todos os municípios. Isso vai permitir reduzir desigualdades”, diz Baigorri.

Para ele, o consenso é que a nova plataforma será habilitadora de um novo conceito, a internet das coisas, graças às altíssimas velocidades na troca de dados [até cem vezes mais rápido que o 4G] com baixíssimo tempo de resposta entre as duas pontas [menos de um milissegundo]. “Estamos falando de uma nova revolução industrial.”