João Pessoa 32.13ºC
Campina Grande 28.9ºC
Patos 35.04ºC
IBOVESPA 129786.18
Euro 6.0901
Dólar 5.8033
Peso 0.0058
Yuan 0.8008
Facebook mantém banimento de Trump da rede social, mas revisará decisão no futuro
05/05/2021 / 11:04
Compartilhe:

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após conquistar milhões de fiéis seguidores e se tornar um dos políticos mais eficazes no uso de redes sociais, Donald Trump ficou em silêncio –e assim deve continuar, ao menos temporariamente. O comitê de supervisão do Facebook decidiu nesta quarta (5) manter o banimento da conta do ex-presidente americano de suas plataformas, mas recomendou a revisão dessa deliberação nos próximos meses.

Ao anunciar a decisão, o comitê afirmou que o Facebook deve determinar uma “resposta proporcional”, consistente com as regras aplicadas a outros usuários, e que a empresa deve completar a revisão do caso dentro de seis meses. Também criticou a companhia por “impor uma pena indeterminada e por tempo indefinido”. Em resposta, a rede social consentiu com as recomendações.

O primeiro veto veio a Trump em janeiro, depois da invasão do Congresso dos EUA por apoiadores do republicano, quando as principais empresas de tecnologia começaram, uma a uma, a banir ou limitar o uso das redes sociais pelo ex-presidente. De maneira geral, a justificativa foi a de que, por meio de suas contas, Trump incitava e glorificava a violência, violando as regras de uso das plataformas.

À época, a decisão suscitou um amplo debate sobre liberdade de expressão e censura na internet, e um banimento definitivo por parte do Facebook trará consequências importantes tanto para a política americana quanto para possíveis regulações das mídias sociais. A deliberação também indicará de que maneira a rede social lidará com quebras de regras por outros líderes mundiais.

Em janeiro, pouco depois de anunciar o banimento da conta de Trump por tempo indeterminado, o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, pediu ao conselho de supervisão de conteúdo da empresa para revisar a decisão, cedendo assim o veredito sobre manter ou não a proibição a um painel externo de especialistas.

Zuckerberg criou o comitê independente, formado por acadêmicos, advogados e estudiosos, em 2018. Se por um lado ele foi acusado de lentidão para agir contra a disseminação de notícias falsas, de outro, principalmente por movimentos de extrema direita, foi acusado de censura.

No caso de Trump, o conselho criou um painel de cinco membros do conselho –com ao menos um americano, embora as identidades dos participantes não tenham sido divulgadas– para checar se o veto estava alinhado às regras da rede social e a princípios de direitos humanos e liberdade de expressão. A decisão final, porém, tem de ser aprovada pela diretoria da empresa, composta por 30 pessoas.

Antes de ser suspenso, o ex-presidente tinha cerca de 88 milhões de seguidores no Twitter e 35 milhões no Facebook. As redes sociais não eram só a sua principal forma de comunicação com apoiadores, mas também a plataforma pela qual anunciava decisões importantes de seu governo.

O republicano chegou a bloquear usuários que o criticavam no Twitter, num caso que foi parar na Justiça. Em 2019, um tribunal decidiu que, como Trump utilizava a rede social para tratar de assuntos do governo, ele não podia impedir americanos de lerem suas publicações –nem de participar de debates nos posts.

Em 2020, Facebook e Twitter passaram a incluir advertências em algumas das publicações do ex-presidente, de afirmações falsas de que cédulas de votação enviadas por correio resultariam em eleições fraudadas a ofensas a manifestantes do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam).

As ações mais assertivas, porém, vieram após o ataque ao Congresso. Dois dias depois da invasão, o Twitter baniu de modo permanente a conta de Trump na rede social –quem acessar a página do ex-presidente não encontrará nem mesmo sua foto de perfil. Hoje, a conta sequer aparece nas buscas.

Na sequência do bloqueio, Trump tentou publicar na conta @POTUS (sigla para presidente dos EUA, em inglês), mas a rede social apagou os posts. Nas mensagens, afirmava que o Twitter se esforça para banir a liberdade de expressão e criticou a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações, que oferece às plataformas imunidade sobre o conteúdo compartilhado por usuários e as protege de processos.

Em um movimento similar, o YouTube anunciou o banimento do canal de Trump cerca de uma semana após o ataque à sede do Legislativo americano. Em março, a Alphabet, dona do Google e da plataforma de vídeos, disse que o canal do republicano só voltará ao ar quando a empresa determinar que o risco de violência “no mundo real” diminuiu. Da mesma forma, a rede social de streaming de games Twitch, adquirida pela Amazon em 2014, também anunciou o banimento da conta do ex-presidente por tempo indeterminado. O Snapchat, por sua vez, bloqueou o republicano de modo permanente.

Em outro movimento para tentar diminuir o alcance de discursos conspiratórios, que também impulsionaram a invasão do Congresso, Google, Amazon e Apple anunciaram que o aplicativo da rede social Parler seria suspenso de suas lojas virtuais –a plataforma, menos restritiva, tem sido um porto seguro para extremistas após o Facebook bloquear grupos ligados a teorias da conspiração.

Em 15 de fevereiro, no entanto, o Parler voltou ao ar e, em nota, afirmou que a nova plataforma usa “tecnologia independente e sustentável”, de modo a não mais depender dos servidores de gigantes da tecnologia. Segundo o jornal The New York Times, o Parler se tornou um dos aplicativos de crescimento mais rápido depois de as plataformas começarem a marcar os posts do ex-presidente.