Fundos quantitativos têm como principal característica o uso da tecnologia para realizar análise de dados e criar estratégias que potencializem a capacidade de retorno financeiro dos investimentos. Por isso, requerem uma gestão especializada, mas nem sempre é fácil encontrar profissionais que preencham os requisitos necessários para a função.
Popularmente chamados de “ações quantitativas”, os fundos exigem um trabalho multidisciplinar. Além de conhecimento em economia e estatística, é preciso domínio de linguagem de programação, técnicas de otimização e machine learning.
No dia a dia de trabalho, a análise de ações quantitativas é feita a partir de algoritmos e de inteligência artificial (IA). Portanto, os profissionais da área devem estar capacitados para lidar com uma grande quantidade de dados, estruturados ou não.
O mercado de fundos quantitativos ainda está em processo de consolidação no Brasil. Neste momento, faltam profissionais prontos para atuar na área.
Durante a realização do webinar “Desafios e perspectivas dos fundos quantitativos”, promovido em outubro pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), especialistas que atuam no mercado falaram sobre as competências necessárias aos profissionais que desejam atuar na área.
O evento on-line foi mediado por Marcelo Fernandes, professor titular de finanças da FGV EESP, e contou com a participação dos engenheiros Alberto Chapchap e Moacir Fernandes, além das economistas Ana Luiza Abrão e Hully Rolemberg.
Na ocasião, Moacir explicou que a indústria quantitativa do país “ainda é incipiente” quando comparada com a realidade internacional. Dessa forma, encontrar profissionais que aliem o conhecimento técnico à experiência de mercado tem sido uma dificuldade.
A orientação é que os jovens que estão se formando busquem conhecimento multidisciplinar. Na avaliação de Moacir, não basta apenas ter domínio das ferramentas; é necessário desenvolver a capacidade de solucionar problemas. “É importante a parte teórica para entender por que usar uma variável, testar o modelo A em vez do B”, exemplifica.
A opinião é reforçada por Hully. “As ferramentas dão autonomia para implementar ideias. Então, é preciso saber como utilizá-las”. Para a especialista, o conhecimento em uma linguagem de programação, a colocação de ideias e a capacidade analítica são competências indispensáveis.
Confirmando que a contratação de profissionais é um desafio, Ana Luiza informou que a experiência de mercado pode ser um diferencial, mas não se trata de condição obrigatória para o preenchimento de uma vaga. “No dia a dia do fundo, nós testamos estratégias. A bagagem quântica é necessária. É preciso conhecimento, não necessariamente experiência.”
Na avaliação de Alberto, o profissional inexperiente pode progredir após a contratação, desde que tenha “curiosidade para aprender e vontade de realizar pesquisa de alto nível”.
Levantamento realizado pelo Portal Glassdoor apontou que a média salarial de um analista quântico é de R$8,6 mil. Esse profissional é responsável por programar algoritmos para testar cenários e estratégias para a tomada de decisões financeiras mais precisas por parte de empresas, bancos e fundos.