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Félix Araújo vive na memória de Campina Grande com legado de coragem, amor e justiça
18/09/2025 / 15:17
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Centenário de Félix Araújo revive trajetória do jurista, jornalista e poeta

O centenário de nascimento de Félix de Souza Araújo, celebrado em 2022, reviveu a memória de um dos mais brilhantes nomes da história política, literária e jurídica da Paraíba. Nascido em Cabaceiras, em 1922, Félix despertou cedo para o jornalismo, editando ainda criança o jornal Cruzeiros.

Foi estudante aplicado, apaixonado por livros e ideias, e na juventude partiu para lutar como voluntário na Segunda Guerra Mundial, experiência que ampliou sua visão de mundo e fortaleceu sua indignação diante das injustiças sociais. O jornalista Cândido Nóbrega lembra que, ao regressar, Félix se notabilizou como educador, advogado, vereador e poeta, conquistando um lugar único na memória coletiva de Campina Grande.

Na vida pessoal, Félix viveu um amor arrebatador com Maria do Socorro, imortalizada como Maria de Félix, cuja presença carismática perpetuou o legado do marido após sua morte precoce. O casal simbolizou paixão e cumplicidade, relação tão intensa que Maria passou a ser identificada pela cidade como extensão de Félix. Seus filhos e netos herdaram esse idealismo e compromisso com a justiça, como lembrou emocionado o advogado e ex-prefeito Félix Araújo Filho, que destacou a trajetória multifacetada do pai, e também o neto, Félix Araújo Neto, hoje terceira geração dedicada à advocacia e ao magistério.

Símbolo de amor à vida, à justiça e ao conhecimento

O desfecho trágico ocorreu em julho de 1953, quando Félix foi vítima de um atentado que o deixou entre a vida e a morte durante duas semanas. Sua súbita partida aos 30 anos foi seguida por um dos funerais mais marcantes da história de Campina Grande, com cortejo multitudinário que permanece na memória da cidade. O advogado Leidson Farias, testemunha da época, recordou a comoção generalizada e lamentou a impunidade dos mandantes. Já seu filho, Thélio Farias, ressalta que Félix dedicou-se aos princípios mais elevados: a liberdade, a democracia, a educação e a poesia.

Mais de sete décadas após sua ausência, Félix segue vivo na lembrança de gerações. Sua luta contra a corrupção, sua defesa da educação pública e sua paixão pela literatura o tornaram referência nacional, reconhecida por nomes como Rubem Braga, que o eternizou na crônica O Pracinha Félix. Mais do que mártir, ele permanece símbolo de amor à vida, à justiça e ao conhecimento. Como disse seu filho, a mensagem transmitida pela família sempre foi de resistência e esperança: “só se eterniza o amor”.

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