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Filho do terceiro homem mais rico do mundo pode estar ligado a crime em compra e venda de NFTs
31/03/2022 / 14:46
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Em uma terça-feira no início de fevereiro, Alexandre Arnault entrou no mercado de NFTs (tokens não fungíveis) OpenSea. O filho de 29 anos de Bernard Arnault, a terceira pessoa mais rica do mundo e dono de um patrimônio líquido de US$ 170 bilhões (R$ 811,7 bilhões), fez uma oferta de US$ 3,1 mil (quase R$ 15 mil) por um NFT conhecido como HypeBear #9021.

HypeBears são bonecos digitais de ursos coloridos adornados com acessórios peculiares, como óculos de sol em formato de coração e chapéus de cowboy. O #9021 é um dos mais raros – e, portanto, mais valiosos – da coleção de 10 mil imagens.

Mas naquela terça-feira, compradores estavam fazendo lances durante o que é chamado de “pré-revelação”, quando as características específicas de cada token ficam em sigilo. Assim, o executivo da Tiffany & Co. e herdeiro do império da moda LVMH teoricamente estava apostando às cegas e comprando um bilhete de loteria, assim como todos os investidores de NFTs.

Arnault estava tão determinado em obter o HypeBear #9021 que ele ofereceu um valor 32% maior do que o preço médio dos outros HypeBears que estavam sendo vendidos naquele dia – e ganhou facilmente o lance. Ele fez o mesmo para o HypeBear #7777, desta vez oferecendo 58% a mais que o preço médio, e fez ofertas semelhantes para outros sete ursos digitais.

Dois dias depois, quando as identidades e os detalhes de cada um dos 10 mil ursos foram revelados, Arnault milagrosamente obteve três dos dez ativos mais raros, incluindo o #9021 e o #7777.

Entre os três HypeBears ultra-raros que Arnault acabou comprando antes dos detalhes serem revelados, o #9021 acabou sendo um urso com máscara de macaco, enfeitado com ouro da coroa em sua cabeça aos Crocs em seus pés. Arnault revendeu o ativo #9021 quatro dias depois, por US$ 14,7 mil (cerca de R$ 70 mil), registrando um ganho de 377% e um lucro de US$ 11,6 mil (R$ 55,4 mil).

O HypeBear #7777 tem uma roupa de astronauta branca, estampada com uma bandeira dos EUA. Arnault pagou US$ 3,9 mil (R$ 18,6 mil) por ele, e o vendeu por US$ 12,9 mil (R$ 61,5 mil) um mês depois, usando diversas contas de carteiras de criptomoedas que parecem ser suas para fazer as negociações.

Um porta-voz de Arnault negou veementemente que o herdeiro tenha tido informações privilegiadas sobre os ursos, mas se recusou a responder às perguntas da Forbes.

Se os HypeBears fossem uma ação nas bolsas de Nova York, as negociações pré-revelação provavelmente teriam soado alarmes na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês).

A reguladora de Wall Street teria investigado o que parece um caso de insider trading. Ou seja, negociação com informações privilegiadas que ainda não foram compartilhadas com o público investidor. Mas no mundo amplamente não regulamentado de criptomoedas e NFTs, transações que cheiram a manipulação do mercado são desenfreadas – e não explicitamente ilegais.

“Há muitas promessas no mercado de NFTs, mas há muitas pessoas mal intencionadas”, diz Ricardo Rosales, CEO da Convex Labs. “Nós abordamos isso da perspectiva de que, se algo pode dar errado, dará, e se alguém pode tirar vantagem, provavelmente o fará.”

Forbes