Uma nova fase da Operação Retomada, deflagrada nesta sexta-feira (16/5) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apontou um sofisticado esquema de fraudes judiciais que teria desviado mais de R$ 126 milhões de aposentados e pensionistas em todo o país. A investigação aponta a participação direta de advogados, de um servidor do Judiciário da Paraíba e até de um juiz na manipulação de decisões para validar descontos ilegais em benefícios previdenciários.
+ Receba as notícias do F5 Online no WhatsApp
Entre os alvos dos seis mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal de Justiça da Paraíba e cumpridos nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Sapé e no estado de São Paulo, estão nomes que seriam ligados diretamente ao núcleo da organização criminosa. São investigados:
De acordo com o Ministério Público, as fraudes envolviam ações coletivas ajuizadas com documentos falsificados, em comarcas dominadas pelo grupo, sem a ciência dos supostos beneficiários — na maioria, idosos em situação de vulnerabilidade. O Judiciário concedia liminares em tempo recorde, com base em material forjado, autorizando descontos mensais nos contracheques das vítimas.
Além da atuação judicial fraudulenta, indicam as investigações, o grupo mantinha associações fictícias, sem sede física e sem funcionamento real, usadas para aplicar empréstimos abusivos disfarçados de mensalidades. A investigação já identificou 11 entidades de fachada envolvidas, entre elas:
Em muitos casos, os aposentados sequer sabiam da existência das ações, sendo surpreendidos apenas quando perceberam os descontos indevidos nos benefícios. As decisões tramitavam em segredo de Justiça, o que impedia a atuação de órgãos de controle como o Ministério Público e violava o direito de defesa dos consumidores.
Além dos golpes previdenciários, o Gaeco apura a prática de outras fraudes financeiras, como:
O esquema, segundo o Gaeco, foi responsável por mais de 230 ações coletivas, impactando mais de 100 mil aposentados e pensionistas. O bloqueio de R$ 10 milhões em bens dos investigados já foi determinado pela Justiça.
A primeira fase da Operação Retomada foi deflagrada em dezembro de 2024, quando surgiram os primeiros indícios do envolvimento de advogados e do juiz Glauco Coutinho no esquema. A partir das provas obtidas, os investigadores conseguiram avançar e identificar novas ramificações da organização.
Até o momento, os nomes citados ainda não se pronunciaram sobre as investigações. O espaço permanece aberto para manifestações das defesas.
+ Receba as notícias do F5 Online no WhatsApp
+++ LEIA TAMBÉM: