Em declaração nesta quinta-feira (25), o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu a legitimidade das críticas à política de juros da instituição, especialmente as feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Galípolo ressaltou que é normal que agentes do mercado financeiro expressem suas opiniões sobre a taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
O presidente do BC elogiou a forma como Haddad e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, abordaram o tema. “Acho um luxo você ter o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro fazendo comentários sobre política monetária com delicadeza e educação”, afirmou Galípolo. Ele destacou que a autonomia do BC não implica que todos concordem com suas decisões, mas que as críticas são parte do debate necessário.
Haddad, por sua vez, argumentou que há espaço para a redução da taxa de juros, afirmando que ela “nem deveria estar no atual patamar de 15% ao ano”. O ministro acredita que a Selic poderia cair, embora reconheça que a decisão final cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom).
O Banco Central tem reiterado que a desaceleração econômica é fundamental para controlar a inflação. No entanto, o governo expressa preocupação com os impactos dessa desaceleração sobre o emprego e a renda da população. Recentemente, o BC avaliou que a queda do dólar e o ritmo mais lento de crescimento econômico ajudam no controle da inflação, mas sinalizou que a taxa de juros permanecerá alta por um período prolongado. O mercado financeiro projeta uma possível queda da Selic apenas em 2026.