Atriz e produtora cultural, Gal Cunha Lima é uma artista que transita por diversas formas de expressão, do cinema ao teatro, carregando o legado artístico e humanista de seu pai, Ronaldo Cunha Lima. A sua trajetória é marcada por trabalhos significativos, como a produção do DVD de Sivuca e colaborações em projetos audiovisuais.
Com o curta-metragem Habeas Pinho, em produção, Gal homenageia seu pai e celebra a cultura paraibana, ao mesmo tempo em que abre novos caminhos para o cinema nordestino. Em meio a essa fase, ela compartilha detalhes de sua carreira e as expectativas para o lançamento desse projeto tão aguardado. Confira abaixo:
A arte e a cultura sempre nortearam minha vida. Estudei em uma escola no Rio de Janeiro, São Vicente de Paulo, onde a arte estava muito presente. Ao retornar para João Pessoa, trabalhei na Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (FUNAD) e criamos o Núcleo de Artes, apresentando espetáculos teatrais todos os anos, o que foi uma experiência inesquecível. Participei de algumas Paixões de Cristo, mas minha paixão verdadeira é o cinema. Meu primeiro trabalho foi no filme “Eu Sou o Servo”, de Eliezer Rolim. Tive a experiência de trabalhar no Espaço Cultural e, além disso, também sou muito grata por fazer parte da produção do DVD de Sivuca. Criar faz parte do ser humano, não importa qual sua profissão, sem criação o mundo fica sem graça, sem movimento.
Não existe gostar mais ou menos, como dizia o poeta: é como escolher uma cor do arco-íris, elas se complementam. Assim é a arte. Mas diria que o cinema é mais a minha praia.
Com as leis de incentivo, as produções culturais aumentaram e o cenário do cinema tem crescido bastante. O Nordeste tem um povo extremamente criativo, com uma cultura rica e muitas histórias para contar. Entretanto, ainda vejo que retratamos muito um Nordeste pobre e seco, quando temos muito mais a oferecer. Felizmente, temos visto mais oportunidades para nossos atores em grandes emissoras, algo antes rejeitado pelo sotaque. E, claro, sempre há talentos escondidos que merecem oportunidades.
O maior legado que meu pai deixou foi sua retidão, seu lado humanista e seu coração generoso. Isso me influencia a fazer sempre escolhas com amor e retidão.
O Habeas Pinho era um projeto antigo, por motivos pessoais engavetei . No final da pandemia , com Flavinho (Flávio Freitas), um amigo querido, produtor começou a me dar pilha , então e iniciei o processo de refazer o roteiro , colocar em leis , montar equipe .
Lucas é um artista completo: atua, toca, dança, imita, canta. Já vinha pensando nele para o papel quando Flávio Freitas sugeriu o nome dele. Ele disse: “Por que você não chama Lucas, ele parece com o seu pai”. Liguei imediatamente, e foi uma ligação cheia de emoção, como se nossos pais lá no céu estivessem vibrando, pois Shaolin era muito amigo da nossa família.
Estamos no processo de montagem e, em seguida, de finalização. Prefiro não criar expectativas, gosto de ir por partes. A homenagem ao meu pai está feita, e o que vier pela frente será lucro. Gostaria de exibir Habeas Pinho nas escolas, para manter vivo o nome do poeta para as novas gerações e espalhar poesia. O mundo anda mesmo precisando.
Não crio muitas expectativas, mas claro que espero que o público goste. O legado dele é grande e Habeas Pinho é um recorte de uma das passagens brilhantes do poeta. Habeas Pinho conta a história da petição-poema.
Gostaria de destacar a participação maravilhosa de Mayana Neiva e Juzé, que, assim como Lucas, abrilhantaram o filme, juntamente com todo o elenco. Agradeço também a toda equipe técnica que foi fantástica, em nome de Flávio Freitas, Valério Lima, Nina, Metilde, Aluísio Guimarães e Nathan Cirino. Foram mais de 40 pessoas que se dedicaram ao projeto.