MARÍLIA MIRAGAIA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Golpistas têm usado redes sociais e contas de email para se passar pelo Sebrae, roubar dados pessoais e até informações bancárias de empresários —que, em alguns casos, já têm um relacionamento prévio com a entidade.
Com a chegada da pandemia, que forçou uma digitalização em massa de empreendedores, o número desses ataques chegou a triplicar, diz Milva Capanema, analista de relacionamento com o cliente do Sebrae.
Uma das fraudes mais comuns, segundo ela, acontece a partir da criação de perfis falsos no Instagram com identidades que se assemelham à do Sebrae (@sebrae). Com a conta, golpistas enviam mensagens privadas para os seguidores da instituição com um convite para acompanhar o novo perfil e, depois de algum tempo, se passam por funcionários ou enviam links usados para roubar informações pessoais ou bancárias, como senhas de acesso e até número do cartão de crédito.
Para reconhecer uma conta falsa, uma das recomendações é ficar atento à qualidade e ao histórico das postagens, ao número de seguidores e, no caso do Sebrae, à existência do selo de autenticidade do Instagram —o símbolo azul ao lado do nome do perfil, usado para designar figuras públicas, celebridades, marcas e entidades.
Além de alertar para a situação em seu portal e redes, o Sebrae também tem equipes jurídicas e de comunicação que atuam de forma próxima às plataformas para identificar e derrubar essas contas com agilidade, diz Capanema. Ainda assim, novos tipos de fraude surgem com rapidez.
“Os criminosos usam instituições em que confiamos como fonte de golpe. Pode ser o Twitter, um banco, o Serasa. Quando recebemos alguma comunicação vinda dessas entidades, nosso impulso é clicar ou responder”, diz.
O assunto dessas mensagens, diz a especialista, pode ajudar a identificar um golpe porque, muitas vezes, eles geram desconforto ou oferecem um benefício inesperado, como um emprego ou um auxílio financeiro, induzindo o empreendedor a enviar informações, fornecer códigos de confirmação ou clicar em links sem pensar duas vezes.
Para prevenir situações como essa, o empresário deve desconfiar constantemente da procedência de mensagens, links e perfis —e, quando houver suspeita, a instrução é procurar a entidade para verificar o conteúdo duvidoso.
Por exemplo, caso receba uma mensagem no WhatsApp dizendo que foi indicado para uma premiação do Sebrae —outro dos golpes frequentes—, ele deve validar essa informação nas redes, pelo telefone ou pelo portal sebrae.com.br. Em seu site, a instituição alerta que não cobra pagamentos para resgatar ou participar de prêmios.
“O Sebrae pode ajudar a fazer diagnósticos, definir problemas e indicar uma solução para uma empresa, gratuita ou paga. Mas isso sempre acontece depois de um atendimento”, diz Capanema.
Em outro golpe, já registrado por WhatsApp e email, um suposto funcionário do Sebrae envia mensagem sobre um processo seletivo com uma oferta de contratação. Geralmente, diz Capanema, esse email tem um botão de “clique aqui” com um link que pode transmitir vírus e ser usado para captar dados pessoais. A especialista lembra que os processos de contratação do Sebrae são públicos.
Capanema recomenda prestar atenção na assinatura do email, que usa nomes comuns sem sobrenomes, e no endereço usado para enviar a comunicação —terminações incomuns podem ser indícios de fraude.
“Hoje, temos que criar um mindset para desconfiar e ficar atentos a qualquer ponto que possa ser motivo de problemas. Existe um mercado paralelo que capta dados pessoais, e é um mercado grande”, diz.