Presidente da OAB defende que a lista de seis nomes deverá ter obrigatoriamente três homens e três mulheres de modo a garantir o empoderamento devido às mulheres advogadas.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB), Harrison Targino, surpreendeu o meio jurídico nesta quarta-feira (01), ao gravar um vídeo defendendo publicamente que na lista sêxtupla a ser definida pela advocacia para fins de composição do cargo de desembargador do Tribunal de Justiça seja estabelecida a garantia de paridade entre advogadas e advogados.
O posicionamento do presidente da OAB vai repercutir muito na disputa, pois significa dizer que a lista de seis nomes deverá ter obrigatoriamente três homens e três mulheres de modo a garantir o empoderamento devido às mulheres advogadas.
“Tenho muita alegria e orgulho de fazer parte da primeira gestão paritária da história da OAB da Paraíba, de ter uma diretoria majoritariamente feminina e de ter nomeado mais presidentes mulheres do que presidentes homens para as comissões da Ordem, de termos mais de 63% de advogadas dentre os membros de comissões e termos mais mulheres em todos os cargos de gestão da OAB, o que nos faz ser efetivamente inclusivos. Durante muito tempo, esse tema era tratado só no discurso, mas agora nossa gestão faz questão de enfrentá-lo com coragem e posição firme”disse Targino.
No vídeo ele destaca que não é possível ficar em cima do muro nesse tema. “Em um mundo onde as mulheres constituem quase metade da população, é inadmissível que continuemos a ver uma sub-representação flagrante em posições de poder e liderança”, pontuou.
Para Harrison Targino, a ausência de equidade de gênero não apenas prejudica as mulheres, mas também prejudica o progresso e a eficácia das organizações como um todo. “Quando excluímos metade da população de tomar decisões importantes e de contribuir com suas perspectivas únicas, estamos perdendo um potencial valioso e limitando nossas próprias possibilidades de sucesso”explicou o presidente da OAB/PB.
Segundo ele uma lista paritária é mais do que apenas uma questão de justiça social; é uma medida pragmática que fortalece as instituições e envia uma mensagem poderosa sobre os valores e o compromisso de uma organização com a igualdade de oportunidades.
Na fala ele sinaliza que é preciso demonstrar que a entidade quer sair do muro e criar um ambiente inclusivo onde todos os membros possam ter a chance de prosperar com base no mérito e no talento, em vez de serem limitados por barreiras injustas.
Targino lembra que muitas mulheres que lutam pela igualdade de direitos, precisam enfrentar diariamente o preconceito, a violência em todas as suas formas, a desigualdade salarial, o machismo dentro e fora de casa, o racismo, a misoginia, a pobreza, entre outros, o que as coloca em situação não só de vulnerabilidade, mas de disparidade num meio ainda dominado por homens com forte tendência machista, impondo-lhe obstáculos que as impede de ascender profissionalmente.
Ele reconhece que a implementação de uma lista paritária pode encontrar resistência, seja por razões culturais, estruturais ou ideológicas. No entanto, enfatiza ser crucial superar esses obstáculos e avançar em direção a uma sociedade mais justa e igualitária. Isso requer não apenas políticas e regulamentos, mas também uma mudança de mentalidade e um compromisso sincero com a igualdade de gênero em todos os níveis”, pontuou.
“Eu não teria paz comigo mesmo, se não encapasse esse pleito, se não me irmanasse com tantas e tantas, por uma reparação histórica. A participação feminina na OAB/PB é efetiva e real e isso precisa refletir em todas as nossas ações”, afirmou.