Um grupo de indígenas de Pernambuco, Paraíba e também da Venezuela ocuparam um terreno abandonado que pertence à prefeitura de Igarassu, no Grande Recife, após receberem uma orientação espiritual de encantados, que são entidades ancestrais das crenças indígenas.
A terra ocupada era, no século 16, chamada de Marataro Kaete, que quer dizer aldeia ou território. Em 22 de dezembro, os indígenas do grupo chamado Karaxuwanassu foram para a área onde funcionava o Polo Industrial Ginetta, no Engenho Monjope.
O local hoje pertence à prefeitura do município, que conseguiu na Justiça uma decisão para reintegração de posse do terreno.
São 60 famílias que falam português, espanhol e cinco idiomas indígenas: Warao, Tupi Antigo, Guarani-kaiowá, Brobo e Yatê.
Resposta da prefeitura
Por meio de nota, a prefeitura de Igarassu disse que foi surpreendida pela ocupação e afirmou que o terreno é atualmente utilizado para recuperação de bens da Secretaria municipal de Educação e foi desapropriado com verbas vinculadas ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), para a construção de uma Escola em Tempo Integral para a educação de adolescentes.
O projeto da escola prevê 13 salas de aula, quadra poliesportiva, laboratórios de informática e ciências e refeitório que oferecerá quatro refeições diárias para os estudantes.
O município disse que “vem envidando esforços nos últimos quatro anos para amparar as 86 famílias de imigrantes venezuelanos, totalizando 239 pessoas, cujo projeto de acolhimento foi reconhecido e premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU)”.
A administração municipal explicou que o terreno não é terra improdutiva, mas uma área que vem sendo utilizada pela prefeitura de Igarassu, “com iluminação elétrica, circuito interno de câmeras e funcionários que não estavam no local no momento da ocupação, por se tratar de um domingo e feriado”.
A gestão também disse que constatou atos de vandalismos ao patrimônio público, como danos no contador para interromper o fornecimento de energia e arrombamento do portão principal com substituição do cadeado.
“A gestão municipal tem compromisso com o acolhimento e a Assistência Social tem tratado do assunto com compromisso e respeito junto aos órgãos federais, estaduais e municipais para solucionar o problema. Informamos ainda que o diálogo permanece com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), órgãos e membros envolvidos”, completou a prefeitura.
Por meio de nota, os indígenas contestaram a prefeitura e disseram que “não praticaram atos de vandalismo”.
F5 Online com Blog do BG PB