O Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool da Paraíba (Sindalcool-PB), que representa as usinas produtoras de etanol no estado, defende a regulamentação da venda direta do biocombustível aos postos de combustíveis. Segundo a entidade, a medida terá ganhos logísticos e poderá resultar em uma redução no preço final para o consumidor.
“ Desejamos praticar a venda direta aos postos e esperamos que o Governo do Estado compreenda a angústia que os produtores estão vivendo. Isso seria plenamente viável, com a entrega das usinas diretamente às redes de postos. Hoje, o etanol muitas vezes sai de Mamanguape, vai até Cabedelo, e depois retorna para ser vendido em postos da mesma cidade. Há ineficiência econômica e aumento desnecessário das emissões com esse transporte de ida e volta ”, afirmou Edmundo Barbosa, presidente executivo do Sindalcool-PB.
Apesar de a Lei Federal nº 14.292/2022 já permitir a comercialização direta em todo o país, a Paraíba ainda não regulamentou a prática. O pleito está em análise pelo Governo do Estado desde 2023 e aguarda uma definição.
“ Tudo o que queremos é que os mesmos benefícios concedidos às distribuidoras também sejam garantidos aos postos e às usinas ”, completou Edmundo Barbosa.
Segundo o Sindalcool-PB, a venda direta já é permitida e está em funcionamento em estados como Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, com autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A safra 2024/2025 de cana-de-açúcar na Paraíba encerrou-se em março. Na segunda quinzena de março, as usinas associadas ao Sindalcool-PB produziram 339.846 litros do biocombustível (anidro e hidratado), segundo dados do sindicato.
O cenário é impulsionado por uma mudança crescente nos hábitos de consumo: entre 2023 e 2024, a demanda por etanol hidratado (o tipo vendido nos postos) saltou 50% no estado. Em quatro anos, o crescimento é ainda maior: as vendas passaram de 124 milhões de litros em 2021 para 189,6 milhões em 2024, alta de 47%.
Além de indicar uma transição para combustíveis renováveis, o avanço traz impacto direto ao meio ambiente.
Só em 2024, o consumo de etanol hidratado na Paraíba evitou a emissão de 489 mil toneladas de CO₂ na atmosfera. No acumulado entre 2021 e 2024, a redução chegou a 665,4 mil toneladas do gás. Os números reforçam o papel do etanol na descarbonização, aliando produtividade agroindustrial à sustentabilidade.