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Inflação do aluguel acumula alta de 31,1% em um ano, diz FGV
30/03/2021 / 17:08
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30/03/2021 16h05

FERNANDA BRIGATTI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) subiu 2,94% no mês de março, informou a FGV (Fundação Getúlio Vargas) nesta terça (30). Em 12 meses, a inflação do aluguel —como o indicador é conhecido— acumula alta de 31,10%.

A variação mensal é a maior para meses de março desde o início do plano Real, em julho de 1994. No acumulado em 12 meses, o resultado deste mês só é menor do que o registrado em maio de 2003, quando o índice chegou a 31,53%.

A inflação do aluguel divulgada nesta terça terá efeito sobre os contratos de locação com vencimento em abril. Se o proprietário decidir aplicar integralmente a variação do IGP-M, um aluguel de R$ 2.000 passará a custar R$ 2.622 no mês de maio.

Segundo a FGV, o índice continua sofrendo a pressão dos preços de produtos agropecuários. Em março, o efeito dessas altas se espalharam por todos os componentes do IGP-M, que subiram.

André Braz, coordenador de índice de preços, diz que a alta dos combustíveis neste mês contribuiu para a elevação de dois tipos de inflação que compõem o IGP-M, o IPA (Índice de Preço ao Produtor Amplo) e o IPC (Índice de Preços ao Consumidor).No IPA, o óleo diesel registrou alta de 25,87% em março, e a gasolina automotiva, 23,81%, as duas maiores influências positivas.

As commodities negociadas em dólar, como minério de ferro (2,68%) e soja em grãos (1,93%), subiram menos, mas ainda aparecem em elevação, junto de adubos e fertilizantes (14,32%).

As matérias-primas brutas, diz Braz, subiram menos em março –de 3,72%, em fevereiro, para 2,11%, neste mês–, mas elas acumulam elevação de 70,13% em 12 meses.
“Com uma alta tão elevada assim, elas contaminam outros estágios de processamento, chegando aos bens intermediários e finais”, afirma o pesquisador.

No IPC, os grupos de despesas com maiores elevações em março foram alimentos e transportes, com altas de 12,06% e 7,55%, respectivamente.

Por produto, os itens que mais influenciaram foram gasolina, que subiu 11,33%, etanol, com 16,64%, e gás de botijão, 4,23%. A variação mensal do índice ao consumidor foi de 0,98%. Sem a elevação dos combustíveis, teria sido de 0,30%.

A inflação da construção civil, o INCC, registrou alta de 2% em março, pressionada pelos preços de materiais, equipamentos e serviços, grupo de despesas que acumula elevação de 22,54% em um ano.

Em março, os preços de vergalhões e arames de aço ao carbono subiram 19,39%, a maior influência de alta no INCC. Tubos e conexões de PVC tiveram variação de 7,62%, e tubos e conexões de ferro e aço, 5,64%.

A indústria da construção vem apontando os preços de matérias-primas como um risco à sustentabilidade de contratos, principalmente no segmento de habitação econômica via Casa Verde e Amarela.

Há uma semana, A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) pediu ao governo a redução do imposto de importação do aço. A entidade diz que 84% das empresas que atuam no setor estão relatando desabastecimento do material.

Segundo a empresa, 35% dos contratos firmados desde novembro, quando a mudança foi implementada, estão usando a inflação oficial como referência para o reajuste. O IPCA passou a ser o padrão, mas os proprietários ainda podem solicitar o uso do IGP-M.

Para o inquilino com contrato perto do vencimento, o ideal é se antecipar e já buscar a negociação com a imobiliária ou com o proprietário. Antes de fazer isso, porém, é recomendável verificar a média dos aluguéis na região em que mora. Com essas informações, pode ficar mais fácil pleitear reajustes menores.

Além de ser o índice mais usado no mercado imobiliário, o IGP-M também é utilizado nos cálculos de reajustes e revisões tarifárias dos setores de energia elétrica e de telefonia. Segundo André Braz, os contratos usam fórmulas que consideram apenas parte do índice. O cálculo considera o quanto cada segmento é exposto às variações cambiais.

Assim, se um setor tem 30% de sua cesta de custo afetada pelo dólar, ele usará esse percentual do IGP-M. “Os contratos usam fórmulas paramétricas que pegam uma fração de diversos índices. O IGP-M não tem mais o poder de indexar como tinha no passado”.
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DICAS PARA QUEM ESTÁ COM CONTRATO PRÓXIMO AO VENCIMENTO
1- Antecipe a conversa
Procure a imobiliária antes do período de vencimento

2- Reúna informações
Procure saber se seu aluguel está condizente com o padrão da região em que mora

3 – Mantenha bom históricoPagamentos em dia são vantajosos para o proprietário e podem ser um estímulo ao desconto

4 – Faça as contas
Tenha em mente um percentual que considere possível pagar, para ter meios de negociar